Arte de Cínthya Verri
“Tenho medo de ser trocada. Namoro há um ano, e de uns dois meses para cá, meu relacionamento está diferente. Acho meu namorado distante. Tudo o que acontece me faz pensar que ele está a fim de outra, a começar pelas mulheres que adiciona no Facebook. Será que estou neurótica ou ele manda sinais para pular fora? Beijo, Elis”
Querida Elis,
Não está neurótica. É uma constatação de que o relacionamento esfriou. Observou que ele age diferente e já é necessário tomar uma atitude.
Dividir a dúvida é melhor do que telepatia. Caso ele se sinta ofendido com a pergunta, tanto faz, pelo menos estará avisado. Essencial que ele tome conhecimento de que você sabe que algo mudou, que não vão se distanciar impunemente.
A maior causa de morte do amor é a omissão: o outro enxerga o fim, mas não quer acreditar.
Quais os sinais do tédio amoroso?
Quando ele não responde as provocações costumeiras, não explica os trabalhos, passa a dormir no lado contrário da cama, não tem paciência nem para se chatear e lhe dá razão de graça, não renova convites para sair e se contenta com sua primeira recusa, faz questão de viver pela casa em horários diferentes, evita a convivência com sua curiosidade, a agenda social dele deixou de incluí-la.
O tédio é a antessala da separação. Há um longo corredor pela frente, que pode ser alterado com sua disposição em ouvir e entender o que vem aborrecendo seu namorado. Deve ser uma frustração pequena que cresceu em silêncio. O incidente que gerou a tristeza deve ser bobo para você, mas importante para ele, por isso não reparou.
Sobre o medo de ser trocada, não tem nada ver, é um segundo momento, quando a monotonia não produz nenhuma revolução.
Não sofra com as mulheres que ele adiciona no Facebook. Na hipótese de traição, apagaria os contatos.
Homem infiel não é frio, não é quieto, mas exagerado. Com culpa no cartório, busca sufocar a verdade comprando presentes, flores e se derramando em elogios e declarações à toa.
Abraço com toda ternura,
Fabrício Carpinejar
Fabrício Carpinejar
Querida Elis,
O movimento de translação é aquele que a Terra realiza ao redor do Sol junto com os planetas. A velocidade média para viajar esta órbita é de 107.000 km por hora, e o tempo necessário para completá-la é de 365 dias, 5 horas e cerca de 48 minutos.
Esse tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol é chamado ano.
É um bom período de tempo para conhecermos alguém. Doze meses de convivência contam na construção do entendimento sobre suas rotinas, seus hábitos, suas estações. É a primeira apresentação, a primeira grande volta que damos juntos. Uma páscoa, um natal, férias de julho, um inverno, um verão, um dia dos namorados, os aniversários e assim por diante. Vocês estão à beira do convite para prosseguir. Será que não desejam? O que será que está assustando?
Desenvolver um namoro depende dos dois; gostar conta com a contribuição de ambos. Se a relação perdeu a força, é preciso olhar melhor e conversar tão logo possível e com a máxima franqueza que se conseguir. A conversa é o mestre-sala dos mares.
Pensar que seu namorado planeja terminar pode estar encobrindo sua própria vontade de partir. Quando um começa a ser menos carinhoso, e não se dá conta pode provocar o desinteresse sem necessariamente assinar a autoria.
Quando as coisas não estão claras dentro da gente, é pretensioso procurar a nitidez dentro do outro. Investigue a si mesma: já renderia uma série policial imensa e interessante. Garantia de aventuras sem fim. E mais: na dúvida, faça o que você quer. Se a vontade dele concorda com a sua, melhor; se não, nada há a fazer.
Beijos meus,
Cínthya Verri
Cínthya Verri
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 26/08/2012 Edição N° 17173
Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.
Nossos palpites amorosos não substituem consulta, terapia, exorcismo e qualquer tratamento técnico.
ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com
Porto Alegre (RS), 26/08/2012 Edição N° 17173
Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.
Nossos palpites amorosos não substituem consulta, terapia, exorcismo e qualquer tratamento técnico.
ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com
3 comentários:
Tudo que vocês disseram é verdade, já passei por isso. E muitas vezes nós é que não queremos mais, agimos friamente sem perceber e o outro acaba compactuando com a toda a situação, e quando se torna claro, ficamos com medo e esperamos a ação do companheiro, o correto é se abrir e entrar num acordo. Seguir viagem...
Parabéns pelos textoa!!!!! Sábias observaçoes!!!!
A melhor forma de saber o que está acontecendo é perguntando. Não se torture com dúvidas e incertezas.
Postar um comentário