Arte de Edward Hopper
Quem amamos sempre deixamos para depois. Porque é da família e vai entender a urgência de nosso trabalho.
Um minutinho, meu filho./
Já te ligo, amor./
Agora estou ocupado./
É uma ligação importante.
Só que o filho cresce e para de nos procurar.
Só que o pai morre e não descobrimos o que ele queria.
Só que a esposa se cansa da solidão e pede o divórcio.
Reclamamos da fila da Previdência, da fila do SUS, da fila dos bancos.
Mas os familiares vivem em fila para serem atendidos dentro de casa.
É a fila do amor que não anda. Do amor que pensa que terá tempo em seguida.
O tempo adiante será o mesmo tempo de agora. A mesma falta de tempo.
Filhos pequenos são mendigos em seus quartos, esperando que você desligue o telefone, que você preste atenção.
Maltratamos quem a gente gosta com adiamentos e desculpas.
A vida passa e a promessa de conversa não se realiza. E não sabemos o que o nosso menino estudou, o que a mulher criou no trabalho, o que a mãe precisava comentar sobre seu passado.
Abandonamos a família porque desejamos ter calma. Ter folga. Ter férias.
Melhor falar nervoso do que não falar.
Melhor um pouquinho junto do que nada.
Melhor o rascunho do que a idealização.
Interrompa suas atividades para ouvir a família. Mesmo que seja rápido. Mesmo que seja de qualquer jeito.
A conversa é do momento, a conversa é um momento.
É possível desistir de dizer. É possível perder a vontade.
Não existe como recuperar lembranças.
Cuide da família. Agora!
Ouça meu comentário de sexta (25/5) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola:
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom! Sempre leio seu blog, retwitto seus twitts. Você fala de maneira inteligente sobre assuntos que interessam a todos, já que você não fala apenas de um assunto específico. Conquista fãs com a sua maneira de pensar. Esse texto ficou legal!
ResponderExcluirFranco de Paula.
Twitter: @francoopg
Lá vem você com suas afirmações chocantes de tão verdadeiras!
ResponderExcluirGosto muito!
Beijo
Da ex-aluna que ainda aprende (muito) contigo.
Muito bom esse texto, como sempre.
ResponderExcluirA família realmente quase sempre fica de lado, na fila de espera. Quem já perdeu entes queridos tem a chance de aprender e dar valor!
"Nu e cru" Vc diz o que a gente não consegue falar. O que seria de nós não fossem o poetas, escritores e músicos... - Meu filho quando começou a adolescer eu o chamava de "Metamorfose Ambulante" rsss... Nunca achei expressão mais perfeita do que essa para explicar o que eu via; dia a dia. Demais vc Fabrício! Venha nos dar o prazer da sua companhia aqui em Recife - Uma idéia: A livraria Cultura!!
ResponderExcluirPalavras que deviam ser mantras diários nas nossas vidas.
ResponderExcluirTão verdadeiras como a impermanência da nossa existência.
Muito bom, obrigada!
Laura
5 emails sem resposta pra minha mãe na caixa de entrada. acho que vou responder agora...
ResponderExcluirTá mas e ai, sai ou não sai a resposta para a tiração de sarro do sr Pensador em sua nova música?
ResponderExcluirTe pergunto Carpinejar - És um homem ou um capão?
te adorooo
ResponderExcluirhttp://garotadistraida.wordpress.com
Realidade triste... Gostei muito.
ResponderExcluirPalmas!
ResponderExcluirBom. Postergar um carinho deveria ser crime previsto em lei.Valeu!
ResponderExcluirCarpinejar
ResponderExcluirÉ urgente priorizar tempo para estar com quem amamos! Belissimo texto vou postar no meu blog com os devidos creditos viu, a mensagem contida nele é importante demais!
Abraços
Marilac
Quando comecei a ler o texto pensei em enviá-lo a meu marido. Mas depois me vi nele também. Irei transcrevê-lo e prender na geladeira aqui de casa. Serve para toda a família.
ResponderExcluirObrigada!