terça-feira, 1 de julho de 2014

ACABOU O AMOR

Arte de Paul Delvaux

Estava tomando café com um amigo.

E o telefone dele tocou, tocou, tocou sem parar.

Eu perguntei: não vai atender?

Ele disse que não, não era nada demais, que era a mulher dele.

Pode ser importante, insisti.

Ele explicou que não tinha vontade de ouvi-la.

Busquei entender: aconteceu alguma coisa? Brigaram?

Não, ele me respondeu, não haviam discutido, não aconteceu nada, somente não tinha interesse.

O número da esposa apareceu na tela mais duas vezes sem esperança, em histérico silêncio.

Daí entendi algo importante: quando a esposa deixa de ser prioridade, acabou o amor.

Quando a esposa é adiada não tem mais amor.

Quando não há mais curiosidade, desejo de escutar sua voz acima de tudo e de qualquer coisa, no meio do trabalho ou da alegria entre amigos, acabou o amor.

Quando não há questão de socorrer ou de acalmar, de conversar ou de saber o que aconteceu, acabou o amor.

Acabou o amor. 

Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (1/7) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina:

8 comentários:

  1. Belíssimos textos que tenho acompanhado, sou sua fã. Parabéns!

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  2. Nooooossa!
    Me encanto a cada dia, com seus textos.
    Esse de hoje, fala exatamente do que penso.

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  3. Que show estes teus textos.
    Parabéns.

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  4. É triste quando acaba o amor :/ só não pode acabar é o respeito.
    Beijos rimados pra você :*

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  5. Não concordo. Não foi o amor que acabou, e sim a paixão. O amor precisa respirar, (não conversar), dar um tempo às vezes. Foi isso que o amigo fez...

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  6. O amor tem que ser trabalhado...
    E dá trabalho...
    Vamos fazer renascer das cinzas...

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  7. Como sempre nos encantando e dando a graça de suas palavras.

    Muito obrigado por este, pelos outros e por aqueles que ainda estão por vir!

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