Enquanto todo mundo que ir para Punta, eu sou apaixonado pelo litoral gaúcho. E gosto do jeito que é. Dizem que nossas praias são feias, retilíneas, sem atrativos.
Bobagem: nossas praias combinam com a resistência gaudéria.
Imagina se aqui fosse Angra? Não daria certo.
Beleza demais me deixa preguiçoso, terei que fazer montanhismo, caminhadas pelos morros, descer dunas. É tanta coisa para olhar que acabarei não descansando.
Água transparente não é uma maravilha, gera incômodo, lembrarei que não cortei as unhas dos pés.
No mar achocolatado do sul, posso perder a sunga e não serei preso por atentado violento ao pudor. Temos um vidro fumê de graça, que conserva a privacidade do mergulho. Em Copacabana, uma bunda branca já seria manchete. Nossa praia não causa escândalo.
É parar e pensar como o Nordestão vem sendo uma dádiva. Ocasionou a melhor arquitetura do guarda-sol do país. Ninguém coloca um guarda-sol como a gente. É fundo, firme, intransponível, existe uma técnica militar apuradíssima capaz de enfrentar e amansar ventos automobilísticos.
Nossos salva-vidas não são broncos, e sim artistas. Modelam castelos na frente das guaritas.
Nossos surfistas têm humildade, não desprezam nenhuma onda. São imbatíveis nas finais dos campeonatos, íntimos das marolas.
O protetor solar aqui recebe uma fina camada de areia que impede a entrada do raio ultra-violeta. Temos muito menos risco de câncer.
Nosso forte repuxo é uma fisioterapia. As pernas aparecem torneadas de ir e voltar de um banho. Já observei jogador de futebol se recuperar de lesões sérias. Entra mancando e volta correndo.
Nos dias de chuva, formamos campeões de pôquer e canastra.
Na ausência de lazer, criamos passeios para analisar as residências dos outros. A curiosidade nos permite ampliar os conhecimentos de decoração.
Não nos interessa unicamente a vista paradisíaca. O que vale é a interação com os vizinhos, reunir a família, reencontrar colegas.
Como nossa praia não é linda de morrer, continuamos vivendo, graças a Deus.
Ouça meu comentário na manhã de sexta-feira (11/1) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola:
10 comentários:
nossa fabrício... esses teus comentários são dignos do bairrista... mais gaucho impossivel... uahauhauauahuah
Vim à net para encontrar novos amigos e ao mesmo tempo divulgar meu blog, encontrei o seu blog, e estive a ver algumas postagens e achei o seu blog muito bom, tenho de lhe dar os parabéns, pois é um blog que dá sempre vontade de vir aqui mais vezes.
O meu blog é o Peregrino E Servo, se tiver tempo ou se desejar pode fazer-lhe uma visita e se gostar faça o sentir no seu coração, saiba porém que nunca deixei alguém ficar mal.
Desejo paz e saúde para si e para o seu lar.
Sou António Batalha.
Gosto quando vejo pessoas apaixonadas pela sua terra... pessoas que têm identidade me fascinam!
Praias gaúchas são feias por que se preocuparam em embelezar as mulheres.
E o que dizer da vantagem para cadeirantes?? ...
Estou de acordo com o mestre. Estar bem é o que importa. A beleza do lugar está no capricho do olhar. Eu não tenho mar aqui onde vivo. E vivo a esperar para ver o mar dos outros. Eles não imaginam como é bom não ter mar para poder esperar pela alegria de ver o mar. Felizes somos nós aqui, sem mar nenhum.
Fabrício, seu malandro, como é bom ver o nosso querido Luís Fernando Veríssimo bem novamente, não? Abraço desde a pequenina Ituverava!
Vc com o dom da escrita me fez imaginar direitinho as praias do sul. Sim, imaginar, porque não as conheço, mas um dia quero conhecer a praia do Cassino que tanto meu marido fala! Tenho um carinho especial pelos gaúchos, já que meu marido é filho de um e herdou esse amor por essa terra tão cheia de encantos. Baci Thati
ah! O sul, é o meu país!
Das praias do Sul, posso dizer com certeza...assim que o sol se se põe, a lua começa a clarear as ondinhas, dá, ho se dá tomar banho nua, praia vazia, doce mar aberto, só eu e a lua, tão nuas e salgadas.
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