Arte de Tekkamaki
O primeiro fio de cabelo branco é seu, de mais ninguém. Não é para ficar apontando. Não é para chamar atenção. Não é para sinalizar:
- Olha, você está envelhecendo!
Seja onde for. É um ato solitário e intransferível pinçar aquela visita e refletir sobre o destino. Não deve ter testemunhas, muito menos escândalo dos outros.
O primeiro fio de cabelo branco é pessoal, não é para gerar piadas e chacotas. Respeite o portador. Respeite o momento dele. É um pânico, um medo incomensurável do futuro. Faça vista grossa. Não puxe assunto.
O primeiro fio de cabelo branco é meu: não quero nenhuma alma por perto, não é para tocá-lo, é como peça de museu protegida por vidros.
Posso oferecer toda a minha velhice, mas jamais o primeiro fio de cabelo branco.
Já tenho na barba, no peito. Agora só falta aparecer nos países baixos.
Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (4/2) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Andressa Xavier:
Um comentário:
Fabrício, perfeito! Questão de honra!
Um abraço,
Manoel
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