Xico Sá dá dicas para a recuperação da macheza perdida e Fabrício Carpinejar fala sobre "gay heterossexual"
Tatiana Salem Levy
ESPECIAL PARA A FOLHA
Tatiana Salem Levy
ESPECIAL PARA A FOLHA
Todas as mulheres são devedoras do feminismo que, na década de 1960, batalhou por um espaço mais digno para o chamado "segundo sexo". Mas era necessário perder as gentilezas dos homens, que antes não permitiam que as companheiras abrissem a porta do carro ou pagassem a conta?
Ora, "Chabadabadá", de Xico Sá, e "Mulher Perdigueira", de Fabrício Carpinejar, estão aí para tentar recuperar o macho perdido e, com ele, a adoração pelas mulheres.
Xico Sá, com humor afiado e marcado pela boemia, faz um retrato das relações em tempos de "homens frouxos", em que o "macho-jurubeba" está sendo substituído por homens bem-vestidos, perfumados, maquiados - os chamados metrossexuais.
Segundo ele, nunca foi tão difícil ser macho: os tipos contemporâneos trocam uma boa costeleta por molhinhos de frutas exóticas.
Pode parecer simplista, mas o prato de comida diz muito sobre alguém, assim como os cremes que ele (não) usa, a coragem ou o medo de se entregar, de dizer "sim" ou "não" na lata e não "a gente se vê", a grande bobeira dos "tempos de amor líquido e sexo sem compromisso".
GAY HETEROSSEXUAL
Xico dá dicas essenciais para a recuperação da macheza perdida, como voltar para casa com o clássico pacote de pães debaixo do braço, escrever cartas de amor -à mão!- ou retomar o hábito de pedir em namoro.
Poderíamos pensar que Carpinejar é o homem que Xico abomina, mas está longe disso. A macheza é outra, as crônicas revelam um homem doce, um "gay heterossexual", como define, distante da vaidade metrossexual.
O que sobressai nos textos é o cuidado, a atenção com a mulher, tão raros hoje. Que mulher não gostaria de ouvir frases como: "Não me interessa um tempo comigo quando posso dividir a eternidade com alguém"?
Enquanto a maioria dos homens reclama do ciúme, da prisão do relacionamento, Carpinejar quer a mulher perdigueira, contraditória.
E também faz propostas, como a carteira assinada para marido para evitar que ele seja dispensado facilmente.
SEDUÇÃO PERMANENTE
Trata-se de um homem que não sabe namorar, só casar, que vê no dia a dia a grande construção do amor e que não sente compaixão por Romeu e Julieta, que conheceram "o ímpeto do amor, não o amor".
Cada um a seu modo, propõem a volta de antigos valores, a recuperação do homem macho e doce. Nos livros, sobressai o amor pela mulher, a sedução permanente, o prazer da reconciliação.
Se você for homem, faça um favor à espécie: leia esses livros que ensinam a ser macho sem perder a ternura. E, se for mulher, Xico e Carpinejar são homens para levar para casa. Mas, como as mulheres nunca estão satisfeitas, o ideal seria levar os dois, um para cada dia da semana.
TATIANA SALEM LEVY é escritora, autora de "A Chave de Casa" (Record).
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CHABADABADÁ
AUTOR Xico Sá
EDITORA Record
QUANTO R$ 37,90 (184 págs.)
AVALIAÇÃO bom
MULHER PERDIGUEIRA
AUTOR Fabrício Carpinejar
EDITORA Bertrand Brasil
QUANTO R$ 39 (336 págs.)
AVALIAÇÃO bom
Publicado na Folha de São Paulo
Caderno Ilustrada, P. 6, 7/6/2009
3 comentários:
Adorei essa história de ser macho sem perder a ternura.
Os homens precisam ler mais romances. As mulheres precisam ser amadas e aduladas.
Tão simples !
Beijos
Luka.
Cheguei até o blog da Cintia através de um RT de alguém (não me lembro o @) no twitter. Do blog da Cintia até vc, existe um inevitável maravilhoso!Acabei assistindo a Transmissão do Lançamento do livro Mulher Perdigueira no Rio, pelo twitcam, e adivinha?! Me apaixonei PELOS ESCRITOS do Carpinejar.
Estou providenciando um exemplar do "Mulher Perdigueira", mas enquanto meu livro não chega gostaria de dar um Ctrl C Ctrl V nessa sua postagem, com as devidas referencias, para jogar no meu blog, pode ser??
Não consigo esperar a conclusão de minha leitura, para enfim, dividir com os amigos esse meu achado.
Abraços,
Bárbara Estrêla
Excelente !!! Quero um gay heterossexual !!
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