Arte de Eduardo Nasi
Quem pergunta a própria pergunta parece louco.
Quem busca entender o que não foi dito parece louco.
Quem conversa no escuro parece louco.
Quem desconversa na claridade parece louco.
Quem é adiantado de esperança parece louco.
Quem ama para depois ver se é amado parece louco.
Quem é ansioso pela paciência parece louco.
Quem esquece o passado para repeti-lo parece louco.
Quem se entrega sem fiador parece louco.
Quem muda de vida para não mudar de amor parece louco.
Quem troca de assunto rapidamente parece louco.
Quem se questiona parece louco.
Quem não é avarento parece louco.
Quem tem fé parece louco.
Quem não se importa com a opinião dos outros parece louco.
Quem não se importa com a própria opinião parece louco.
Quem olha para a boca antes da palavra parece louco.
Quem não teme a fofoca parece louco.
Quem transborda de secura parece louco
Quem se contenta com um abraço parece louco.
Quem depende de um sim parece louco.
Quem depende de um não parece louco.
Quem odeia com paixão parece louco.
Quem não reclama parece louco.
Quem se desespera diante do fim parece louco.
Quem se desespera diante do início parece louco.
Quem sofre por dois parece louco.
Quem aceita voltar atrás para saltar à frente parece louco
Quem convida todos os amigos para suas dores parece louco.
Quem recusa remédios parece louco.
Quem não tem um terapeuta parece louco.
Quem pede desculpa fácil parece louco.
Quem erra rindo parece louco.
Quem erra chorando parece louco.
Quem grita para chamar o milagre parece louco.
Quem não teme convenções parece louco.
Quem não passa bem parece louco.
Quem está bem parece louco.
Quem é melancólico parece louco.
Quem não dorme de noite brigado parece louco.
Quem não dorme de alegria parece louco.
Quem dorme com medo para acordar corajoso parece louco.
Loucura é só estar vivo. É só ser espontâneo. É só doer e se alegrar com igual sinceridade.
Há mortos demais entre nós.
Crônica publicada no site Vida Breve
Colunista de quarta-feira
3 comentários:
Loucura é deixar de sentir. Ou fingir que não sente.
concordo, "há muitos mortos entre nós, Carpi
DN DIZ... Que bom que eu pareço louca... sinal que estou viva.
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