quarta-feira, 18 de março de 2015

MESMO QUE CUSTE CARO

Arte de Eduardo Nasi

Não fui idiota, fui leal.

Não fui burro, fui sincero.

Não fui inconsequente, fui esperançoso.

Não fui distraído, fui confiante.

Não fui cego, acreditei em seus olhos.

Amor é jamais anular a possibilidade do outro de errar. Mesmo que custe mágoa, dor, ódio.

É viver com a porta aberta em vez de chavear pelo medo de perder alguém.

É não se prevenir, não controlar, não ser mais inteligente do que os fatos, não se proteger com ameaças.

É se oferecer inteiro, podendo ser enganado a qualquer momento. É se doar inteiro, permitindo que nossa companhia demonstre, dia a dia, quem ela é.

Só se valoriza a escolha pelo tamanho da renúncia.

Só há intimidade com liberdade dentro.

Só o amor ingênuo é verdadeiro.

Não fechei as palavras, não envenenei seus hábitos, não conferi seus horários, não fiquei lhe vigiando, não censurei seus gestos, não vasculhei seu passado.

Eu lhe dei todo o meu espaço, e todas as chances para você fugir.

Eu lhe dei toda a minha honestidade, e todas as chances para você me roubar.

Eu lhe dei toda a minha fé, e todas as chances para você me enganar.

Eu lhe dei toda a minha admiração, e todas as chances para você me trair.

Eu lhe dei toda a minha verdade, e todas as chances para você mentir.

Eu lhe dei toda a minha fé, e todas as chances para você me profanar.

Eu lhe dei toda a minha infância, e todas as chances para você me debochar.

Eu lhe dei todo o meu corpo, e todas as chances para você me agredir.

Eu lhe dei toda a minha imaginação, e todas as chances para você sumir.

Eu lhe dei todas as chances do meu mundo para você não usar nenhuma delas e me merecer.









Crônica publicada no site Vida Breve
Colunista de quarta-feira
18/03/2015


9 comentários:

Renata R. Corrêa disse...

Ah como eu adoro seus textos! Também sou escritora, ainda em busca de espaço nesse mercado. Li seu livro "Me ajude a chorar", amei! Parabéns por tudo que você é! Obrigada por nos presentear com seus belos textos! Conheça meu blog renatacorreaescritora.blogspot.com.br. um abraço!

Anônimo disse...

muito bom urso.

Paulla Oliveira disse...

descobri Fabrício carpinejar há quase 10 anos. Nossa, que estranho pensar que já faz tanto tempo. Ao longo da vida tive algumas frustrações que me levaram a me afastar dessa arte, da poesia, da palavra. Cá estou eu, novamente. Mais adulta, mais exigente, talvez mais sofisticada, e ainda acho sua escrita muito Bonita. o bom de ler carpinejar e Que voce pode parar a qualquer momento do texto e, ainda assim, ter o suficiente pra sua alma viajar. Nao escolhi esse por um motivo especial, mas muitas memorias voltaram. Li o texto, depois li de novo, de traz pra frente. Por algum motivo, da segunda vez foi ainda melhor. Se voce lê os comentarios, Fabricio Carpibejar, gostaria de deixar o meu obrigada. Muita luz, Paulla.

Paulla Oliveira disse...

descobri Fabrício carpinejar há quase 10 anos. Nossa, que estranho pensar que já faz tanto tempo. Ao longo da vida tive algumas frustrações que me levaram a me afastar dessa arte, da poesia, da palavra. Cá estou eu, novamente. Mais adulta, mais exigente, talvez mais sofisticada, e ainda acho sua escrita muito Bonita. o bom de ler carpinejar e Que voce pode parar a qualquer momento do texto e, ainda assim, ter o suficiente pra sua alma viajar. Nao escolhi esse por um motivo especial, mas muitas memorias voltaram. Li o texto, depois li de novo, de traz pra frente. Por algum motivo, da segunda vez foi ainda melhor. Se voce lê os comentarios, Fabricio Carpibejar, gostaria de deixar o meu obrigada. Muita luz, Paulla.

Anônimo disse...

Parabéns. Você é um grade dos grandes. Gosto muito do seu texto e de como o comum é surpreendente enquanto ficamos esperando o extraordinário. O extraordinário é a rotina, o ciúme. Como você diz: " o ciúme não é doença, doença de a indiferença ..." isso é demais. Pra mim um otimo livro, mulheres perdigueiras. Parabéns pra você, um dos melhores desse nosso Brasil. Rafael Cunha.

Anônimo disse...

Maravilha suas linhas tem grande significado. Aqui deixo: ... e tão somente de um grande
amor...
viverá a alma feliz
encontrando reflexo
nos lábios doces da paixão
o gosto da flor
beijada pelo colibri.
Acariciando o viso
sugando sorriso
junto ao abraço
perfumado
duas vidas...
voando sem cair.
Com asas de magia
teu olhar
pousou na minha
retina...
hoje eu sei...
hoje eu vi!
Sofri... lutei
empenho me faltava
a boca que "hoje"
eu aclamo
tem voz de princesa
soa melodia encantada.
... respire nesse momento
e ouça pelos quatro ventos...
meu mel... caminha
no corpo
de minha amada!
Feliz de mim
que tenho
em plena ausência
o calor da minha
namorada! meu blog: http://jnior79.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Ah Nejarinho! Como gostaria de ver um texto teu musicado... quem sabe pela Calcanhoto ou Nei Lisboa? Ou (deleite supremo) Paulinho Moska!!!

re-amarei disse...

É engraçado e encantador o modo como suas palavras fazem meus lábios sorrirem, e meu coração também.

plaunei disse...

-A Dor te cai bem!