terça-feira, 15 de maio de 2012

ÉTICA DO USO DO CELULAR

Arte de Max Ernest

Deveria existir uma ética do celular. Uma legislação, com infrações e risco de perda total da linha.

Habilitar não somente o aparelho, mas também o usuário.

Seria criada uma brigada de amarelinhos para multar os descomportados. Seria preparada uma autoescola em cada telefônica, com direito a reciclagem.

O motorista de celular sem nenhum ponto na carteira ao longo de um ano ganharia um I-Phone. Nada contra o uso do celular, sou um adepto fervoroso, mas não custa prevenir exageros.

Há absurdos e mais absurdos acontecendo a toda hora:

- Gente que atende celular no cinema ou em sala de aula, para cochichar a quem liga que não pode atender.

- Gente que aproveita a sinaleira para mandar torpedos. Como se houvesse tempo.

- Gente que fala com rádio alto. Parece que nunca brincou de Walkie Talkie.

- Gente que acredita que o celular é uma máquina fotográfica. E que terá a foto de sua vida no próximo instante.

- Gente que decide discutir o relacionamento ao celular no meio de um trem lotado. E afasta o aparelho do ouvido na hora em que sua mulher está gritando.

- Gente que senta para comer e conversa de boca cheia ao telefone tentando fingir que não está almoçando sozinho.

- Gente que deixa o celular tocando na bolsa. Como se a bolsa fosse um silenciador.

- Gente que liga para dizer que agora não dá mais para falar e desliga na nossa cara. Se não dava para falar, por que telefonou?

- Gente que confunde o celular com terapia e fala sem parar. A chamada caiu e ele nem percebeu.

- Gente que aproveita a promoção de 200 minutos grátis e quer realmente usar cada centavo com você.

- Gente que anda com três celulares, simplesmente pelo pavor de um dia não ser encontrado.

- Gente que acha engraçado exibir músicas de sua preferência pelo ringtone. E põe hino do Inter ou do Grêmio ou Michel Teló. Não é engraçado, é somente irritante.

- Gente que acredita que o celular está estragado quando ninguém telefona no intervalo de quinze minutos.

- Gente que manda torpedo de madrugada pensando que não está sendo invasivo. É igual a um telefonema.

- Gente que despreza qualquer lugar ou restaurante ou hotel que não tem sinal.

Ouça meu comentário na manhã de terça (15/5) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola:

12 comentários:

O Neto do Herculano disse...

Não tenho celular e não tenho que dar satisfação por que não atendi alguma ligação ou por que o telefone estava desligado. Não sou interrompido nos momentos mais inoportunos. Não incomodo ninguém com o meu gosto musical duvidoso. Não assusto minha sobrinha com o meu ringtone macabro. Não sou obrigado a compartilhar minhas conversas quando estou em locais públicos. Não sofro com a ausência de sinal, falta de crédito nem bateria descarregando. A melhor parte, e olha que é difícil decidir qual é a melhor parte, é não ter que prestar contas de cada passo meu e ainda ter que tolerar a deseducação alheia, que já liga perguntando onde você está, tornando dispensável um mero cumprimento. Estou livre e com dó daqueles que passam por mim digitando mensagens, ouvindo músicas, assistindo aos seus vídeos, papeando banalidades, conectadas na rede mundial e desligadas do mundo ao seu redor – mais solitárias que um grão de areia numa lata de Leite Ninho.

ana disse...

e aqueles que falam ao celular em livrarias ou bibliotecas enquanto tentamos ler um livro.

Giovana disse...

Hoje de manhã, em pleno café, a mulher deseducada atendeu ao seu radinho, aquele que faz pi-pi-pi-pi. O interlocutor falava alto, o rádio estava em volume alto, ela falava alto. E eu só queria tomar meu café da manhã em paz.
Também já escrevi sobre isso:
http://www.giovanadamaceno.com/2009/02/chatice-do-piii.html

Claudio Carvalho disse...

Ética ou censura disfarçada?

Marina disse...

Ética.
Minha liberdade termina onde começa a sua!!

! Marcelo Cândido ! disse...

Hoje qualquer um tem e virou essa doideira desenfreada do uso popular !

Ministério Adoradores Sem Face/IDE. disse...

Mais importante que o aparelho é a pessoa com quem falamos...creio que colocar músicas favoritas é bom para "personalizar", mais alguns transformaram isso em "palhaçada" pura...

Unknown disse...

Um dos períodos mais tranquilos da minha vida foi quando fiquei sem telemóvel por tê-lo perdido em uma viagem. Era uma paz...

Anônimo disse...

E tem gente, aparentemente inteligente, que possui um toque diferente para cada membro da família... Quando a música toca samba bem alto ainda grita: "é ele - meu marido"! Música lenta: "minha filha"...e assim por diante. Nada de mais nem contra outros tipos de música, se isso não fosse na sala de trabalho.
Parabéns Carpinejar pelo post!

marcelo disse...

Otimo post

Gabriel Seixas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriel Seixas disse...

Dizer que minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro é muito bonito. Mas, e se a liberdade foi mal distribuída e o meu vizinho tem um latifúndio de liberdade enquanto a minha é um quintal de liberdade, liberdade mesmo que tadinha? Não é feio sugerir um reestudo da divisão.