sexta-feira, 22 de junho de 2012

APELIDO ENGRAÇADINHO

Arte de George Grosz

Papagaio, Sabonete, Sapo, Nenê Gordo e Geleia podem ter sido seus colegas de escola. Famosos no recreio ou no jogo de futebol. Mas são os principais inimigos da Justiça Gaúcha. Os principais criminosos.

Em comum, o apelido debochado, perverso, destacando um defeito. Um apelido para a turma rir. Um apelido para chacotar.

Há a tendência de acreditar que o apelido surgiu depois da fama criminosa, mas quem diz que não surgiu antes? Na infância? Enquanto os bandidos ainda nem sonhavam o que seriam.

O apelido é a arma carregada do bullying. Letal. Perigosa. Capaz de condicionar destinos e matar vocações.

Parece loucura, mas o apelido ruim ajuda o crime. Transforma crianças em atrações de circo. Ajuda a pessoa a se sentir ninguém, nada, desprezada. Se sou Geleia, se sou Nenê Gordo, tanto faz me esforçar, não terei futuro mesmo.

O apelido consagra a rejeição.

O apelido é a faixa de miss do monstro.

O apelido é o fim do caminho. A boca do lixo.

E não estou mencionando o apelido carinhoso, que qualquer um deseja, mas o apelido que se pretende engraçadinho. Que chama atenção de uma vergonha, de uma dificuldade na aparência.

O apelido mata a felicidade do feio. É a humilhação escolar; qualquer um já se vê derrotado antes de abrir a boca.

O apelido machuca, é como ser espancado verbalmente todo dia, toda hora.

Pense antes de dar um apelido. Mais do que um simples gesto de respeito, já é caso de segurança pública.

E quem diz isso é o Panqueca. Não terminei preso porque fui recheado de amor de pai e de mãe – foi o que me salvou.

Ouça meu comentário na manhã de sexta (22/6) na Rádio Gaúcha, no programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola:

8 comentários:

ana disse...

esse texto deveria ser fixado no mural de todas as escolas.
apelidos provocam um ódio indescritível e inesquecível.

vervedirlass disse...

ACHO QUE ESSE TEXTO NÃO DEVE FICAR SOMENTE ESCRITO, TEM QUE SER DITO, REFLETIDO E DISTRIBUÍ DE "TODAS AS FORMAS"; EM ESCOLAS, BALADAS, PARADA DE ÔNIBUS,O.N.G.(s), O.G.(s), ESTAÇÕES RODOVIÁRIAS, AEROPORTOS, SHOPPING...
PODE PARECER ESTRANHO, MAS ISSO PODE AJUDAR NA DIMINUIÇÃO OU ATÉ MESMO EXTIRPAR ESSE CÂNCER, O BULLYING!

O Rei do Drama disse...

eu sempre pratiquei o bullying, mas eu acho que era uma forma de tirar a atenção de mim. Sim, eu sei que isso não é desculpa. Dei milhares de apelidos, recebi outros milhares, mas nenhum "pegou" em mim. Eu parecia tão autoconfiante quando guri que as vezes me pergunto onde essa autoconfiança foi parar.

Recentemente minha turma de colégio fez um grupo no facebook e descobri que um dos meninos, que não era meu amigo (mas tb não era meu inimigo) se recusou a entrar pq eu estava lá. EU. E eu perguntei o porque mas um amigo dele disse que ele até hoje treme com o apelido que dei pra ele. Nem lembro o raio do apelido e me senti muito, mas muito triste e infeliz em saber que marquei alguem de uma forma negativa. Fui la no inbox e mandei uma mensagem me desculpando por tudo e que ele desse a chance de estar entre os amigos e até de me conhecer melhor 20 anos depois. recebi o silêncio.

ana disse...

como diise o vervedirlass esse texto deve ser distribuído nao apenas nas escolas, pois existe muito bullying entre adultos,nas empresas,clubes, academias, universidades e até para com os idosos. As crianças que praticam bullying estao apenas imitando os adultos.

Silva disse...

Nada a ver com o texto...
É que sempre que ouço "Deixa a menina", do Chico, eu lembro das suas reflexões sobre as mulheres...

"Por trás de um homem triste, há sempre uma mulher feliz...
E atrás dessa mulher, mil homens sempre tão gentis...
Por isso para o seu bem
Ou tire ela da cabeça, ou mereça a moça que você tem!!"

Beijos!

Juliêta Barbosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juliêta Barbosa disse...

Carpinejar,

Se eu pudesse sintetizar em uma frase algo que definisse o equilíbrio nas relações, eu diria: fazer ao outro aquilo que eu desejo que façam comigo. Essa é a regra número um para um mundo mais justo e melhor. Sem falar que é a lição de casa de menos custo, pois começa no lar.

Quando os meus filhos eram pequenos (e, até hoje) eu sempre lhes ensinei a se colocarem no lugar do outro, seja ele o gari ou o presidente da república. Hoje, vejo o fruto da minha educação no respeito que eles têm para com o seu semelhante. Bjs

Aletheia disse...

Concordo completamente com a posição de seu texto. Sou professora, fui aluna, criança e adolescente e sei o quanto essas atitudes podem marcar. Ao "Rei do Drama" quero dizer que seu depoimento foi extremamente corajoso e honesto. Só prova que você amadureceu e nós sabemos que muitos adultos nem chegam a isso. Errar, meu querido, todos erramos, sobretudo quando se é tão jovem. Agora, toca pra frente fazer o papel inverso, proteger e denfender aqueles que não conseguem fazê-lo por si.