Arte de Eduardo Nasi
Os apaixonados são os únicos que enxergam as casualidades.
Elas não deixam de existir, sempre estão flutuando, voando, pairando entre as aparências, avisando o que temos que fazer e o que podemos fazer.
É como uma rodovia do invisível oferecendo carona. Ou uma frequência de rádio nos informando dos milagres mais próximos. Ou um caixa automático 24h para saques do inconsciente.
Por receio do julgamento, ficamos alheios, indiferentes, céticos.
Mas os acasos não somem, fingimos que somem por conveniência, para dominar nossa vida e transmitir aos outros uma imagem confiável de adulto e responsável.
Só os apaixonados não temem os ruídos e o entremundos. Não desperdiçam as pichações, não procuram estudar exclusivamente o que é encadernado.
Só os apaixonados — estes últimos alunos das coincidências — acreditam em metáforas. Como não sabem o que vai acontecer, esperam tudo. Esperar tudo é o acaso.
Com Alessandra, vivo diariamente a humildade dos sinais.
Estamos tão ligados que não entendo por que nos separaram em dois corpos.
Nossa intuição é conversa. O que ela raciocina, completo. O que desejo, ela completa. O pedido de desculpa vem antes da agressão. A explicação surge antes da pergunta.
É meio maluco conviver nesta hipersensibilidade, mas é muito mais verdadeiro.
Na hora em que Alessandra me entregou uma pedra branca que colheu na ponte Santa Maria Maddalena, na Itália, eu disse um poema de Pascoli: “A água passa, a sombra fica”.
Fui descobrir depois que o verso foi escrito naquela ponte. Eu sequer desfrutava desse dado.
Guardo livros e objetos pessoais numa gaiola, ela incrivelmente repete a excentricidade amorosa e conserva pertences do seu pai também em gaiola vazia.
Quando ela precisa falar comigo, é certo que tocará Tiziano Ferro em minha vizinhança. Funciona melhor do que o SMS. É um ringtone do vento. E, convenhamos, não é comum FM tocar Tiziano.
Somos capazes de, simultaneamente, ler o mesmo texto, comer a mesma comida, escolher o mesmo filme, ainda que distantes, ainda que eu em Porto Alegre e ela em São Paulo.
O apaixonado não tem medo do medo. Para ele, o medo é surpresa.
Elas não deixam de existir, sempre estão flutuando, voando, pairando entre as aparências, avisando o que temos que fazer e o que podemos fazer.
É como uma rodovia do invisível oferecendo carona. Ou uma frequência de rádio nos informando dos milagres mais próximos. Ou um caixa automático 24h para saques do inconsciente.
Por receio do julgamento, ficamos alheios, indiferentes, céticos.
Mas os acasos não somem, fingimos que somem por conveniência, para dominar nossa vida e transmitir aos outros uma imagem confiável de adulto e responsável.
Só os apaixonados não temem os ruídos e o entremundos. Não desperdiçam as pichações, não procuram estudar exclusivamente o que é encadernado.
Só os apaixonados — estes últimos alunos das coincidências — acreditam em metáforas. Como não sabem o que vai acontecer, esperam tudo. Esperar tudo é o acaso.
Com Alessandra, vivo diariamente a humildade dos sinais.
Estamos tão ligados que não entendo por que nos separaram em dois corpos.
Nossa intuição é conversa. O que ela raciocina, completo. O que desejo, ela completa. O pedido de desculpa vem antes da agressão. A explicação surge antes da pergunta.
É meio maluco conviver nesta hipersensibilidade, mas é muito mais verdadeiro.
Na hora em que Alessandra me entregou uma pedra branca que colheu na ponte Santa Maria Maddalena, na Itália, eu disse um poema de Pascoli: “A água passa, a sombra fica”.
Fui descobrir depois que o verso foi escrito naquela ponte. Eu sequer desfrutava desse dado.
Guardo livros e objetos pessoais numa gaiola, ela incrivelmente repete a excentricidade amorosa e conserva pertences do seu pai também em gaiola vazia.
Quando ela precisa falar comigo, é certo que tocará Tiziano Ferro em minha vizinhança. Funciona melhor do que o SMS. É um ringtone do vento. E, convenhamos, não é comum FM tocar Tiziano.
Somos capazes de, simultaneamente, ler o mesmo texto, comer a mesma comida, escolher o mesmo filme, ainda que distantes, ainda que eu em Porto Alegre e ela em São Paulo.
O apaixonado não tem medo do medo. Para ele, o medo é surpresa.
Crônica publicada no site Vida Breve
Colunista de quarta-feira
10 comentários:
Apaixonante ....
Eh como sua frase diz, amor soh eh bom quando liberta os dois!
Como eh bom, ver que, ainda, existem esses encontros!!!!!
Que lindo! Achei que isso não existia mais.... embora eu esteja me sentindo assim... e nao certeza tenha certeza de ser recíproco.
Que lindo! Achei que isso não existia mais.... embora eu esteja me sentindo assim... e nao certeza tenha certeza de ser recíproco.
A Paixão é como a loucura: Liberta a pessoa do temor do ridículo, ficar apaixonado é um ato de loucura, de liberdade...
Amei , uma casualidade me trouxe aqui e agora para ler essas palavras
É maravilhoso ler textos assim, de quem acredita e vivencia o amor!
o amor é a coragem que falta no medo.
adorei, Fabrício, vou ler pro meu bem.
:)
quem é Alessandra?
parabens pelo belissimo blog, acompanho o mesmo desde 2010, recomendo a muitas pessoas. Parabens
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