Arte de Kenneth Noland
Não acredito em gnomos e duendes.
Mas tenho certeza que existe um elo perdido, uma terceira dimensão para onde vão alguns objetos.
Não existe nenhuma explicação razoável para certo sumiço dentro de casa.
Antes pensava que as coisas sumiam para minha mãe me ensinar a rezar a Salve-Rainha, mas já tinha decorado e elas continuavam evaporando.
Faço a lista dos utensílios-fantasmas de nossa vida.
— Meias: as meias jamais voltam da máquina de lavar. A máquina de lavar é uma indústria do divórcio. Os pares entram casados e brigam lá dentro. Perdem-se na espuma, ficam tontos, exageram no OMO, no amaciante, sei lá o que acontece. No fim, nunca teremos as meias iguais. Nunca é o casal original de meias. Chega um ponto em que existem vinte meias viúvas na gaveta. Como? Será que existe um alçapão na máquina? O Triângulo de Bermudas deveria se chamar Triângulo das Meias.
— Tampas de panelas: como algo de metal e de aço pode não ser encontrado? As panelas sempre estão com uma tampa emprestada de outra panela. A pressa de fazer comida aumenta o pânico. Mexemos debaixo da pia e nem sinal dos conjuntos originais. É um swing muito irritante.
— Canetas bic: Um mistério. É colocar o nome na caneta ou uma corrente que ela foge. Odeia donos possessivos.
— Isqueiros: e pior que são caros. Eles servem apenas para uma carteira. Deveria ser vendido dentro do próprio cigarro. Não duram em nossas mãos. São como borboletas, vivem somente 24h.
— Palhetas: todo músico sabe que uma palheta sozinha não segura nenhum show. Palheta avulsa é ignorada, desprezada como palito de picolé. Ela some, escapa no forro do estojo, da calça, da carteira. Mais fácil adquirir outra do que procurá-la.
— Tarraxas: elas nem produzem barulho, não são educadas. Caem sem avisar. São de valor ridículo, mas provocam um baita estrago com a fuga dos brincos.
— Guarda-chuva: cada pessoa no mundo terá uma média de 30 guarda-chuvas até sua morte, dados da Organização das Nações Unidas.
Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (20/11) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola:
4 comentários:
Até que enfim alguém toca nesse assunto delicado!
Há tempos que as máquinas de lavar deixam milhares e milhares de famílias de algodão e poliester órfãs e ninguém, nunca, procurou um culpado! Até quando? Depois da ditadura,nem naquele adorável ursinho que mora no amaciante podemos confiar...são outros tempos!
O Que Se Perde Enquanto Os Olhos Piscam
O Teatro Mágico
Pronde vai?
Toda tampa de caneta?
Todo recibo de estacionamento?
Todo documento original?
Isqueiro, caderneta,
A camiseta com aquele sinal...
Pronde vai... toda palheta?
Pronde foi... todo nosso carnaval?
Pronde vai?
Todo abridor de lata?
Toda carteira de habilitação?
Recado não dado, centavo, cadeado?
Todo guarda-chuva!
Pra fuga pro temporal!
Pronde vai... o achado, o perdido?
Eu não sei, veja bem...
Não me leve a mal...
Pronde vai?
Todo outro pé de meia,
Carteira, brinco e aparelho dental?
Pronde vai... toda diadema?
Recibo, receita e o nosso enredo inicial?
Pronde vai?
Toalha de acampamento,
Presilha, grampo, batom de cacau
Elástico de cabelo
Lápis, óculos, clips, lente de contato?
A nossa má memória!
A denúncia no jornal?
Pronde vai... aliança, chaveiro, chave, chinelo?
E o controle pra trocar canal
Pronde vai?
O solo que não foi escrito?
Labareda nesse labirinto,
O instinto, o reflexo, sem seguro
O coro do socorro! o lançamento oficial!
Pronde vai... a culpa da cópia?
Pronde foi... a versão original!?
Pronde vai?
A bala que se disparou?
O indício do vício que disseminou
A busca do corpo por algo vital?
A firmação do pulso! o discurso radical!
O troco em moeda... a lição da queda
Pronde foi... nosso humor e moral?
Pronde vai? todo nosso desalento
Morre brisa nasce vendaval
Pronde vai a reza vencida pelo sono
Ela vale? me fale... me de um sinal!
São Longuinho
Me fale me de um sinal!
Pra onde foi?
O canhoto, benjamim de tomada
Simpleza, prudência, consideração?
A clareza, autenticidade, compaixão, certeza, a urgência e o perdão?
Carregador de bateria,
O extrato, a ponta, a conta nova, a cola e a extensão?
O estímulo,o exemplo, a voz dissonante...
A coragem do meu coração!
São Longuinho, são Longuinho
Me fale me dê um sinal!
São Longuinho, são Longuinho
Pra onde foi?
A coragem do meu coração!
Veja o clip Tbm Carpi é lindo. Abraços Esley Stefania
No caso das mulheres eu acrescentaria mais três tipos de "objeto-fantasma" que sempre desaparecem: elásticos de prender cabelo, grampos de cabelo e piranhas também de prender cabelo.
parabens pelo belissimo blog, acompanho o mesmo desde 2010, recomendo a muitas pessoas. Parabens
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