terça-feira, 3 de junho de 2014

MEU COLEGA RAFAEL

Quando a gente se conheceu na adolescência, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando a gente atravessava o recreio comendo pastelina e tomando guaraná, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando a gente produzia misturas estranhas no laboratório da escola até o tubo de ensaio explodir, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando decidiu ser médico e eu decidi ser jornalista, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando a gente ficava horas discutindo o que faríamos se ganhássemos a Mega Sena, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando a gente cantava Legião Urbana durante as madrugadas na companhia de um garrafão de vinho, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando me ensinava matemática e biologia para escapar da recuperação, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando nos formamos no Colégio Aplicação e renovamos o pacto de amizade, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando passamos no Vestibular da UFRGS, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando cada um casou e descobriu a mulher de sua vida, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando descobrimos o que é ser pai e o que é ter uma casa própria, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando se mudou para Curitiba e prometemos nos rever em breve, não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Quando comemorou seu aniversário na semana passada, ainda não sabíamos que você morreria aos 42 anos.

Ninguém sabia. A gente só foi feliz porque ninguém sabia que você morreria aos 42 anos.

Minha homenagem ao meu colega de escola, o médico Rafael Lodeiro Müller, que morreu aos 42 anos em um acidente de carro na madrugada da última terça-feira (27/5).

Ouça meu comentário na manhã de sexta-feira (30/5) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina:

Um comentário:

Anônimo disse...

A gente não sabe, justamente por isso... a gente consegue ser feliz!