Arte de Diego Rivera
Quando criança, na minha escola pública (Imperatriz Leopoldina), tinha uma disciplina chamada Técnicas Domésticas.
Aprendi a mexer com agulha e linha em sala de aula. Aprendi a passar roupa.
Não era obrigação de menina, era regra de sobrevivência, para conservar e fazer durar o uniforme escolar.
Desde lá, sei pregar botões, sei consertar tecidos.
Saber costurar é uma demonstração de ternura.
Tão bonito pegar um moletom do filho e fechar um rasgo.
Tão bonito pegar a calça do filho e fazer a bainha.
Tão bonito ver um botão solto da camisa do filho e arrumar em poucos minutos porque ele está atrasado.
Não há cena mais emocionante do que costurar meias. Meias que rasgam nos calcanhares. Fechar com a linha da cor da meia para ninguém perceber.
É muita esperança não jogar fora um par de meias e oferecer uma segunda vida para ele.
Demonstra que você não se desfaz das coisas facilmente, que não vai dispensar as pessoas facilmente, que você tenta primeiro remendar, que não é do tipo que estragou e compra outra, que não descarta simplesmente porque foi barato.
Costurar meia é para aqueles que acreditam na família, acreditam em superação, acreditam no casamento, acreditam que vale a pena almoçar juntos.
(Já cueca, por favor, não dá para costurar. Costurar cueca não é esperança, é muito desespero).
Ouça o que falei na manhã de terça-feira (17/6) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina:
2 comentários:
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