— Onde estão as crianças?
— Na casa da avó.
— Por que tudo isso?
— É um dia especial, amor.
— Nossa, querido, não esperava que você me preparasse o jantar!
— Não podia ser menos.
— Mas até velas, Jesus!, champanha Brut gelada!
— Viu? Não esqueci, nunca poderia esquecer.
— Esquecer do quê?
— Não diz que esqueceu, Joana?
— Não, não, imagina…
(Não era aniversário dela, muito menos dele)
— Ai que bom, já estava com medo de que não tivesse sido importante para você.
— Claro que foi, estava fingindo surpresa.
— E o que lembra daquele dia?
— Ahnan.
— Daquele dia, o que mais marcou você?
(Não era aniversário do casamento, nem do namoro)
— Ah… Seu jeito de mexer meus cabelos.
— Mas você não me deixava tocar, dizia que o cabelo de prenda é como beijo de puta.
— Ah, é mesmo.
(Pô, aniversário de quem?)
— O que não esqueço; senta, vamos comer.
— Que delícia, tortei.
— Deixa que sirvo; o que não esqueço é que você foi embora pensando que eu iria correr atrás.
— E?
— Como assim “e”? Eu corri, né?
— É verdade…
— Você não lembra que dia é hoje, não lembra, esqueceu de novo!
— Olha, Olavo, juro que tentei, mas não fica magoado, por favor…
— Como que não? Parece que somente eu dou bola para a relação.
— Não é isso, tô muito cansada para forçar a cabeça.
— Forçar a cabeça? Eu não mereço seu esforço, ótimo.
— Não é isso, é que…
— É que?
— É que não queria cobrança de nada.
— Comemorar agora é cobrança, onde vamos parar?
— Não quero estragar, vamos lá, me perdoa.
— Porra, Joana, é o dia do nosso primeiro beijo, há dez anos, na frente da banca do Mercado Público.
— Como você é romântico…
— E como você é insensível…
— Vai começar?
— Perdi a fome. Pode comer sozinha…
— Não faz cena, Olavo!
— E só para você saber: é também aniversário de nossa primeira briga.
Crônica publicada no site Vida Breve
— Na casa da avó.
— Por que tudo isso?
— É um dia especial, amor.
— Nossa, querido, não esperava que você me preparasse o jantar!
— Não podia ser menos.
— Mas até velas, Jesus!, champanha Brut gelada!
— Viu? Não esqueci, nunca poderia esquecer.
— Esquecer do quê?
— Não diz que esqueceu, Joana?
— Não, não, imagina…
(Não era aniversário dela, muito menos dele)
— Ai que bom, já estava com medo de que não tivesse sido importante para você.
— Claro que foi, estava fingindo surpresa.
— E o que lembra daquele dia?
— Ahnan.
— Daquele dia, o que mais marcou você?
(Não era aniversário do casamento, nem do namoro)
— Ah… Seu jeito de mexer meus cabelos.
— Mas você não me deixava tocar, dizia que o cabelo de prenda é como beijo de puta.
— Ah, é mesmo.
(Pô, aniversário de quem?)
— O que não esqueço; senta, vamos comer.
— Que delícia, tortei.
— Deixa que sirvo; o que não esqueço é que você foi embora pensando que eu iria correr atrás.
— E?
— Como assim “e”? Eu corri, né?
— É verdade…
— Você não lembra que dia é hoje, não lembra, esqueceu de novo!
— Olha, Olavo, juro que tentei, mas não fica magoado, por favor…
— Como que não? Parece que somente eu dou bola para a relação.
— Não é isso, tô muito cansada para forçar a cabeça.
— Forçar a cabeça? Eu não mereço seu esforço, ótimo.
— Não é isso, é que…
— É que?
— É que não queria cobrança de nada.
— Comemorar agora é cobrança, onde vamos parar?
— Não quero estragar, vamos lá, me perdoa.
— Porra, Joana, é o dia do nosso primeiro beijo, há dez anos, na frente da banca do Mercado Público.
— Como você é romântico…
— E como você é insensível…
— Vai começar?
— Perdi a fome. Pode comer sozinha…
— Não faz cena, Olavo!
— E só para você saber: é também aniversário de nossa primeira briga.
Crônica publicada no site Vida Breve
24 comentários:
hahahahahaha, muito bom!
Inversão de papéis. Genial!
USHAUSHUH
muito bom mesmo :)
Genial meesmo! haha sou muito fã!
É... chegamos à era em que o homem é quem propõe a DR, diz que não tá contente com a relação e comemora aniversário de primeiro beijo, enquanto a mulher, numa vingança geracional, assiste futebol na TV, esquece datas e trata tudo com praticidade.
Essas inversões de papéis são demais hahahaha
acho pouco provável essas coisas acontecerem, mulheres lembram detalhadamente até a roupa que ambos estavam usando no primeiro encontro.
Muito bom.
Aqui em casa eu sou a Joana! Muito boa a cena!
Olha, conheço alguem assim!
Muito bom! =D
http://bernardoececilia.blogspot.com/
E a minha memória q é péssima também pra esses detalhes? e nao é q eu nao me importe nao. Amo cenas românticas, flores, surpresas. Mas nao me atenho a datas.. ainda mais assim.. puxa..
tô lascada! kkkkkk
Hahahaha,lá em casa faz tempo que percebemos a troca de almas,mas o importante é que o amor continua,sempre igual e sempre diferente AMOR.Adoro sua escrita.Besos!
Muito bom!
kkkkkkkkkk Adorei!
Vou mandar essa pro meu namorado.. Dia primeiro é o aniversário do primeiro beijo.
Hehehe é bem por aí, algumas acham que não, mas quando o cara é assim arruma uma mulher assim também, coisa da natureza ;)
Ótimo!
Muito bom, Carpi você é de mais!
huahuaha
Muito bom !
Ótima cena! Assim aconteceria... que tal uma versão segunda?
...talvez não lembrasse, e daí? Real... Se não lembrasse, e na ausência da memória, criasse nova memória. Passasse por cima do orgulho da competição de ser dono da situação e recordasse com ela passo-a-passo, a mão meio aos cabelos, a respiração na nuca, o calor na pele e no corpo, um novo beijo.
adorei! Muito criativo e...romantico?
Não gostei, mas achei ótimo. rsrsrs
álvaro Pentesso
kkkkk...adorei o texto.
Há um tempo esse drama era característico das mulheres. Parece que os papéis estão realmente se invertendo.
Gosteiu, muito bom.
Como sempre.
Sim, já vi muitas vezes essa mesma cena acontecer. Pois sou EXATAMENTE como a Joana do Olavo!!!!
Para aquelas que não acreditam em inversão de papeis, digo, que existe! É real!!!
Ótima crônica!
Nossa, o desenrolar com essa "inversão de valores" e o final cômico. Parabéns mesmo!
ufa poxa toda relação tem isso um mais esquecido que o outro que bom saber que somos normais......
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