Arte de Eduardo Nasi
Homem quando vira de costas na cama é sono ou ofensa.
A mulher não vira de costas, oferece as costas.
Ela, de conchinha, ainda pretende conversar. São as legendas mais sérias, sinceras, definitivas de uma vida a dois.
Para a minha namorada, conversa olho no olho não supera a conversa da respiração no pescoço. Com o dorso colado em mim, ela está sempre de frente ao assunto, sensível ao batimento do meu corpo.
Antes de falar, hesita para identificar qual será sua audiência, se seu macho é no momento um confidente nos lençóis ou um boxeador cansado na lona.
Ela espera para ver se irei me aproximar de suas curvas, se estou afetuoso e aberto ao diálogo, se engatinho para me enredar em seus cabelos loiros.
Conhece as estratégias da pele. Tem noção de que o homem não finge abraçando, que o homem se envergonha de jurar em falso naquela posição.
Os braços masculinos representam autênticos detectores de mentiras. Estendidos, confirmam caligrafia honesta. Contraídos, escondem espirais de vingança.
Os dedos devem estar soltos para a aliança, espontâneos ao cruzamento suave das mãos.
Quando a namorada se distancia para o canto inverso da cama já sei que não é uma deserção, de modo nenhum é um abandono, mas um pedido de cumplicidade, um convite para tirar os sapatos e pisar em sua memória mais recôndita.
Sugere que está encolhida, mas é o contrário, está transparente de linguagem.
Estamos finalmente a sós do mundo. É como fechar a porta da cama depois de fechar a porta do quarto.
Meus olhos deitados se encaixam em seus ombros. O olfato se apura na saboneteira. E vejo o filme de suas palavras na tela de sua carne. Vou entendendo a importância do desabafo pelos suspiros e parágrafos curtos do pulmão.
Compreendo que escutar é proteger, escutar é reservar todo o corpo a alguém, não apenas o rosto, da mesma forma que reservamos uma mesa para jantar e um lugar no teatro.
Mulher não tem costas, como um anjo, uma árvore, um relâmpago.
Falará até cochilar, cochichando segredos, acalmando-se por dentro, aliviada por repartir suas dúvidas, sem se despedir, sem anunciar o fim.
E soprará “eu te amo” meio que dormindo. Você não ouvirá direito, a não ser que acorde ao lado dela para a repetição.
A mulher não vira de costas, oferece as costas.
Ela, de conchinha, ainda pretende conversar. São as legendas mais sérias, sinceras, definitivas de uma vida a dois.
Para a minha namorada, conversa olho no olho não supera a conversa da respiração no pescoço. Com o dorso colado em mim, ela está sempre de frente ao assunto, sensível ao batimento do meu corpo.
Antes de falar, hesita para identificar qual será sua audiência, se seu macho é no momento um confidente nos lençóis ou um boxeador cansado na lona.
Ela espera para ver se irei me aproximar de suas curvas, se estou afetuoso e aberto ao diálogo, se engatinho para me enredar em seus cabelos loiros.
Conhece as estratégias da pele. Tem noção de que o homem não finge abraçando, que o homem se envergonha de jurar em falso naquela posição.
Os braços masculinos representam autênticos detectores de mentiras. Estendidos, confirmam caligrafia honesta. Contraídos, escondem espirais de vingança.
Os dedos devem estar soltos para a aliança, espontâneos ao cruzamento suave das mãos.
Quando a namorada se distancia para o canto inverso da cama já sei que não é uma deserção, de modo nenhum é um abandono, mas um pedido de cumplicidade, um convite para tirar os sapatos e pisar em sua memória mais recôndita.
Sugere que está encolhida, mas é o contrário, está transparente de linguagem.
Estamos finalmente a sós do mundo. É como fechar a porta da cama depois de fechar a porta do quarto.
Meus olhos deitados se encaixam em seus ombros. O olfato se apura na saboneteira. E vejo o filme de suas palavras na tela de sua carne. Vou entendendo a importância do desabafo pelos suspiros e parágrafos curtos do pulmão.
Compreendo que escutar é proteger, escutar é reservar todo o corpo a alguém, não apenas o rosto, da mesma forma que reservamos uma mesa para jantar e um lugar no teatro.
Mulher não tem costas, como um anjo, uma árvore, um relâmpago.
Falará até cochilar, cochichando segredos, acalmando-se por dentro, aliviada por repartir suas dúvidas, sem se despedir, sem anunciar o fim.
E soprará “eu te amo” meio que dormindo. Você não ouvirá direito, a não ser que acorde ao lado dela para a repetição.
Crônica publicada no site Vida Breve
Colunista de quarta-feira
5 comentários:
Lindo *-*
A segunda frase da mulher, eu concordo. Pura real.
Bjos
Só você mesmo para conseguir traduzir momentos assim em palavras. Parabéns pela genialidade.
Momentos como esses são inesqueciveis e inesplicaveis,,,
Parabens por ter consseguido resumir tudo isso em palavras!
me vi nestas palavras, essa era eu e ele depois de 40 anos sem nos ver...1972-2012.
Lindoooo, amei, poso afirmar que me vi inesplicavelmente nestas palavras.
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