Arte de Fraga
Sou eu e ela aproveitando os 10 minutos de tolerância do despertador para ficar ainda mais abraçados.
Sou eu e ela brindando com xícaras de café.
Sou eu e ela dividindo o espelho na hora de escovar os dentes.
Sou eu e ela perguntando se está frio ou quente na rua para escolher as roupas.
Sou eu e ela fazendo planos para o final de semana em plena segunda-feira.
Sou eu e ela de mãos dadas no cinema até formigar os braços.
Sou eu e ela criticando a cafonice de alguém na rua.
Sou eu e ela no banco da praça tomando chimarrão e jogando pipoca aos pássaros.
Sou eu e ela trocando cumprimentos de pernas debaixo da mesa.
Sou eu e ela se beijando devagar para respirar melhor dentro do beijo.
Sou eu e ela guardando as rolhas de nossos vinhos.
Sou eu e ela escondendo surpresas no armário da cozinha.
Sou eu e ela ouvindo os problemas sem jamais dizer que não é nada (é horrível ouvir que não é nada quando se sofre).
Sou eu e ela relatando as confusões do trabalho, e exagerando para soar engraçado.
Sou eu e ela disputando quem acessa primeiro a web.
Sou eu e ela arrumando a casa depois de festa.
Sou eu e ela colocando ao mesmo tempo nossas fotos no Facebook.
Sou eu e ela dançando com a cabeça voltada ao teto.
Sou eu e ela lendo o mesmo livro, um esperando o outro terminar o parágrafo para virar a página.
Sou eu e ela adivinhando o que significa certas palavras antes de consultar o dicionário.
Sou eu e ela em silêncio barulhento quando nos emocionamos com uma história.
Sou eu e ela mordendo os lábios no momento da excitação.
Sou eu e ela dividindo os moletons mais gastos.
Sou eu e ela atendendo ligações de madrugada dos amigos em fossa.
Sou eu e ela dando desculpas furadas para não sair no frio.
Sou eu e ela pedindo: por favor, coce minhas costas.
Sou eu e ela passando a roupa um pouquinho antes da festa.
Sou eu e ela atentos quando um dos dois levanta no meio da noite.
Sou eu e ela encardindo as meias pelos corredores do prédio.
Sou eu e ela confessando ciúmes com humor.
Sou eu e ela guardando as caixas de sapatos e as embalagens dos presentes.
Sou eu e ela mudando de canal sem parar sempre alegando que nunca tem programa bom.
Sou eu e ela conferindo se fechamos a porta.
Não sou o cara, mas melhor do que isso: sou um casal.
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Revista Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 26/05/2013 Edição N° 17444
8 comentários:
Um casal apaixonado...
Lindo! eheheh :-)
Que perfeito!
Esse é o cara. O homem repleto de defeitos que se encaixam perfeitamente nos defeitos da gente!
A pessoa certa traz movimento para nossa vida, coisas começam a se reorganizar, sem esforço. Aí, alguns homens não conseguem enxergar que é a energia do amor do casal, e estufam o peito e vão em busca de outras pessoas. E, aquela mulher que lhe faz bem se decepciona porque ele não vê além dos olhos do orgulho próprio. E tudo se acaba. Quando o amor é real, tem uma energia enorme, mas lembre-se é o casal. Atrai coisas boas, mas, também inveja da parte de pessoas incompletas. Que bom que aquele cara não é você, Carpinejar! É mais forte ser vocês!
Não sou o cara, mas melhor do que isso: sou um casal. Perfeito!!
Não sou o cara, mas melhor do que isso: sou um casal. Perfeito!!
Lindo, emocionante, profundo, reflexivo... como sempre, seus textos são irradiantes!!!
Tão lindo...
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