terça-feira, 26 de março de 2013

PORTO-ALEGRE COMPLETA 241 ANOS


O porto-alegrense é fiel aos hábitos dos pais: escuta a rádio que os pais escutavam, assina o jornal que os pais assinavam, vai aos restaurantes da infância.

O porto-alegrense odeia ser criticado por quem não é daqui. O porto-alegrense ama ser criticado por quem é daqui.

O porto-alegrense abraça seus amigos na rua como se estivesse assaltando. Tudo gritado. É um "eiiii", um "oiiiiii", um “aiiii”.

O porto-alegrense adora hinos. Canta o hino rio-grandense de cor e salteado. Canta o hino de seu clube de cor e salteado.

O porto-alegrense é teimoso. Não abandona um argumento apesar de já perceber que está enganado. É fiel ao erro.

O porto-alegrense aprendeu a carregar seu filho carregando a térmica na Redenção e na Usina do Gasômetro.

O porto-alegrense é ansioso. Ele sempre diz que conhece muito um assunto para depois ir atrás.

O porto-alegrense não é de recado, para na esquina e conversa de verdade. Ainda que chegue atrasado ao trabalho.

O porto-alegrense jura que o Brasil é outro país. E que o Uruguai é um bairro depois de Belenzinho.

O porto-alegrense não aceita neutralidade e empate, muito menos voto de Minerva. Minerva é somente o nome de um sabão em pó. É preciso escolher: está do lado dele ou contra ele. Cuidado, o silêncio é entendido como oposição.

O porto-alegrense não se enjoa da sua cidade. Faz questão de receber turistas no aeroporto e na rodoviária e visitar todos os pontos turísticos de novo.

O porto-alegrense gosta de guardar lugarzinhos só para si. Um restaurante para iniciados, um bar para poucos.

O porto-alegrense é exagerado. Seu time é o melhor do mundo, sua capital é a melhor do mundo, sua carne é a melhor do mundo, seu pôr-do-sol é o melhor do mundo, a cripta da Matriz é a melhor do mundo, o supermercado é o melhor do mundo, o cachorro-quente é o melhor do mundo, o bauru é o melhor do mundo. E não é que é mesmo?

Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (26/3) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola:

3 comentários:

Unknown disse...

Muito bom.... adorei o texto desde que ouvi na rádio...

Amo muito essa cidade e sou assim mesmo.

Lady disse...

Por isso deixei a Velha e boa São Paulo, para me entregar aos caprichos da Moça Porto Alegre dos Casais.
Me ensinaram a carregar a térmica e me serve de treino para quem sabe um dia, no lugar, carregar a mistura de duas colunas.
Mãããããs... Por hora teu por do sol me basta.

Adroaldo Bauer disse...

Há mesmo outras cidades, além das nossas prais naquela ilha um pouco mais ao norte?