Arte de Frankenthaler
Foi o amigo e músico Humberto Gessinger, do Engenheiros do Hawaii, que me incomodou com essa pergunta.
- Fabrício, quando você deixou de ser criança?
Eu primeiro ouvi sua resposta. Humberto confessou que abandonou a infância ao apanhar a bola debaixo de um Maverick vermelho. Como era feio o carro visto daquele ângulo. Feio, tão diferente da lataria linda e brilhosa.
Fiquei matutando: quando realmente abandonei o olhar de menino?
Ouça meu comentário de terça (10/7) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, com Antonio Carlos Macedo e Fernando Zanuzo:
4 comentários:
Deixei de ser criança quando descobri que não adiantava continuar enterrando os meus brinquedos. Ainda que a Terra girasse, eles nunca chegariam lá no Japão.
Deixei de ser criança quando me deparei com um carteiro pondo a correspondência na caixa de correio. As cartas simplesmente desaprenderam a se teleportar.
Deixei de ser criança quando descobri o espetinho e o sanduíche de coração. A pesca pelo único deles na panela não seria igual.
Deixei de ser criança quando enjoei d'O Exército de um Homem Só - a canção. Voltei a ser criança quando li O Exército de um Homem Só - o livro.
Deixei de ser criança ao ver serem desfeitas sucessivamente as formações do FGCA, Simples de Coração e HG3. Voltei a ser criança quando ouvi Pouca Vogal.
Deixei de ser criança quando a comunidade do orkut 'Por onde anda Augusto Licks?' perdeu a interrogação. Voltei a ser criança quando aprendi a tocar Enquanto Você está Dormindo.
Deixei de ser criança quando, dias após eu ter feito a única citação dele no Twitter, partiu Moacyr Scliar. Voltei a ser criança no dia em segui Fabrício Carpinejar.
Acho que a gente deixa de ser criança toda que ama e não é correspondido...
toda vez que ama e não é correspondido..
Essa situação que o Fabrício citou em que o HG deixou de ser criança é apenas uma situação...
ao longo da crônica ele fala várias situações em que deixou de ser criança e outras em que ele voltou a ser criança...
"a arquetípica mãe de 'Terras de Gigantes' e as nuvens que já não são de algodão em 'somos quem podemos ser' estão ai pra confirmar (...)
Se fosse bom ser criança, as crianças brincariam de... ser criança. Do que elas brincam? De ser mãe de bonecas, de dirigir carrinhos. Gostar de ser criança é coisa de adulto.
Se fosse ruim ser criança, os adultos não brincariam de ser criança, se embonecando nos salões ou comprando os mais velozes carros esportivos pra ficar parados no engarrafamento de ruas esburacadas."
Me parece que quem lê essa crônica se pega pensando quando deixou de ser e quando voltou a ser criança como o Gessinger faz no livro "Nas entrelinhas do horizonte" onde foi publicada.
eu... desde a primeira vez que li não quis pensar em quando deixei de ser... pensar em quando deixei de ser criança vai me fazer deixar de ser...
Mas foi inevitável, então, deixei de ser criança quando li o título, mas também voltei a ser quando nos vi perguntando quando deixamos de ser criança...
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