sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O EXAGERO REDENTOR

Arte de Federico Barocci

Quando tenho uma boa e má notícia, nunca pergunto: qual que minha mulher pretende ouvir primeiro.

Eu só conto a má. Exagerado. Como se fosse um apocalipse. Como se não houvesse conserto.

Já digo que errei feio, que estou encabulado, já peço desculpas antes de tudo.

Crio um suspense, um drama, aumento a expectativa, tomo um copo d'água.

Antecipo minha vergonha, meu medo de não ser mais aceito, meu arrependimento.

Aviso que não tenho solução, que não presto, que não tenho jeito.

É certo que ela espera o pior do pior do pior. Pensa no pior do pior do pior. Chega a sentar para ouvir.

E quando confesso: em vez de receber alguma reclamação, crítica, xingamento, sou consolado.

A esposa fica aliviada mais do que chateada. Logo responde que não foi nada. Até me parabeniza.

É incrível como funciona.

Recebo o perdão imediato. Porque a pessoa perdoa o que imaginou, que é mais terrível do que eu realmente fiz.

Nossa imaginação é viciada em tragédias.

Ouça meu comentário na manhã de sexta-feira (07/11) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Leandro Staud e Jocimar Farina:

3 comentários:

R.C. disse...

Tomara que ela não leia seu blog, se não sua tática vai água abaixo. rsrs

Paz!
=)

karen Beheregaray disse...

hahaha engraçado demais!

Helder Conde disse...

Se a notícia ruim - que nem era tão ruim assim - ainda vier acompanhada de uma notícia boa, há grandes chances de se ganhar um cafuné, um jantarzinho e um "Não vivo sem você".

Pérolas de sabedoria, professor. Brilhante!

Helder Conde
helderconde.blogspot.com