quarta-feira, 26 de junho de 2013

TÁXI PARA O PECADO

O que dizer para uma mulher? 

Do que o homem gosta? 

DRnaTV entrevistou Tico Santa Cruz, que fala sobre a boemia na sua trajetória. 

O programa foi ao ar na terça-feira (18/6), na TVCOM, com produção de Fernando Muniz.

 

A RUA DA PALAVRA

Arte de Eduardo Nasi

O marido bate na mulher quando não tem mais palavras.

A mãe bate no filho quando não tem mais palavras.

O motorista sai do carro para brigar quando não tem mais palavras.

Manifestantes invadem lojas e depredam a cidade quando não tem mais palavras.

A palavra é o último reduto da sensibilidade. A fronteira derradeira.

Quem perde a palavra perde o respeito.

Quem perde a palavra perde o silêncio.

Quem perde a palavra perde o direito de protestar.

Quem perde a palavra perde a solidão, o lugar para voltar.

Quem perde a palavra perde a causa, perde o fôlego, perde a justiça.

Perde-se definitivamente.

A palavra é contundência. Depois dela, só vem a crueldade, a truculência, a covardia.

A palavra é firmeza. Depois dela, só vem medo e desconfiança.

A palavra é ouvinte. Depois dela, a memória desaparece.

A palavra é o rosto da voz, essa digital do vento. Depois dela, não restam traços, não resta tinta.

A palavra é responsabilidade, é decisão, é destino. Depois dela, o anonimato é inconsequente e criminoso.

A palavra é fé. Depois dela, seja o que Deus quiser.

A palavra é paz de estar com a verdade.  Depois dela, vem o exagero, a distorção, a mentira.

Abdicar da palavra é entregá-la para os sinônimos errados, para as pessoas erradas.

A palavra é o quintal derramado na rua. Depois dela, as vitrines são becos.

A palavra é ter espaço para frente e para trás. Já a violência sem palavras é um avião que não recua, que não dá ré, que somente avança ao desastre.

A palavra é tempo oferecido. Tempo de justificar. Tempo de convencer. Tempo de explicar as escolhas.

Sem palavra, o tempo é ruína, o tempo é explosão, o tempo é avareza.

A palavra é confiança da resposta. Depois dela, somos animais. Só quebramos para mostrar força, só destruímos porque não entendemos o mundo.

A palavra é generosidade. Depois dela, só vem a soberba, a arrogância, o preconceito.

Palavra é vidro. Tem que se preservar inteira para não cortar.




Crônica publicada no site Vida Breve
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terça-feira, 25 de junho de 2013

A MÁQUINA RECEBE GUTI FRAGA

O diretor artístico Guti Fraga conta que a escolha mais difícil da sua vida foi parar de trabalhar com Marília Pêra.

No Vidigal, sempre dividiu a vida com pessoas talentosas e sem chance de sonhar, por isso fundou o grupo de teatro Nós do Morro.

A entrevista foi ao ar na noite de terça (18/6), em meu programa A Máquina, na TV Gazeta.

A MÁQUINA RECEBE GILBERTO BARROS

O apresentador Gilberto Barros, apelidado de Leão, conta que já fez desde programas românticos até policiais.

Aprendeu com o avô a nunca ser menor do que o sonho.

A entrevista foi ao ar na noite de terça (11/6), em meu programa A Máquina, na TV Gazeta.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

PERSONALIDADE FORTE

Arte de Eduardo Nasi

Sou teimoso.

Juliana é teimosa.

Nosso amor é uma caprichada teimosia do destino.

É inacreditável o quanto somos felizes provocando o outro.

Não testando, jamais jogando, o que consideramos diversão para insensíveis.

Provocar é chamar para perto. É desejar a proximidade.

Nosso humor é uma homenagem da intimidade.

Ela ri para mim, eu rio para ela.

Não nos avacalhamos, não nos debochamos, não nos julgamos, nada que envolva recalques.

O sarcasmo é reservado para os desafetos. A ironia fica no emprego.

Usamos a graça, a leveza do gracejo, sempre acompanhado de abraços e beijos para não gerar dúvidas.

Eu brinco e abraço, ela brinca e me abraça. O corpo afasta mal-entendidos.

Nosso riso é ingênuo. Rir é um modo de aceitar os defeitos e as manias.  Um modo de acolher e de não se sentir superior ou melhor que ninguém.

Rir é dizer que eu também sou assim, da parte falível dessa luz.

Rir é autocrítica. A gargalhada é uma confissão de humildade.

Portanto, confesso que errei, mas errei rindo.

Armei de oferecer um presente de inauguração do guarda-roupa.

Olhamos um vestido em loja de São Paulo.

Ela criticou abertamente as rendas lisérgicas que faziam tributo aos Beatles. Apontou que nunca compraria.

Eu concordei na hora, fiz charme com as sobrancelhas, mas quando reencontrei o vestido em Porto Alegre, acredita que fiquei com vontade de comprar?

Levei o vestido que ela não gostou.

É o cúmulo da provocação. Nenhum homem em sã consciência deveria adotar esta atitude.

É um gesto arriscado. Um gesto impensável. Já erramos quando ela escolhe a peça, imagina quando ela rejeita?

Não entendo o que passou ou não passou pela minha cabeça. A questão é que pensei em dar uma segunda chance ao figurino.

E para mim mesmo, mesmo que representasse uma briga homérica de que “você não me escuta”, de que “você não me respeita”, de que “você não presta atenção em mim”.

Assumi os efeitos colaterais.

Ela pegou a maldita peça com generosidade e provou, rebolou, experimentou, encarou o espelho. Não faltou vontade, inclusive se maquiou para ajudar o enredo azul do vestido.

E, depois de uma longa sessão de poses, me devolveu:

— Não quero, amor. Agora tenho certeza.

Ela teve uma educação invejável. Não comprou briga, nem revendeu minha briga. Negou calmamente.

O que me faz concluir que não fui corajoso por adquirir algo que ela recusou. Ela é que foi corajosa por recusar duas vezes. Na teoria e na prática.

Êta mulher orgulhosa que é meu orgulho.





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segunda-feira, 17 de junho de 2013

AS RAÍZES DO DESEJO


É complicado adivinhar o que uma mulher deseja no homem.

Deseja que seja sensível, mas não demais.

Deseja que seja determinado, mas não grosseiro.

Deseja que se vista bem, mas que não dispute beleza. 

Deseja que seja interessado, mas não obcecado. 

Deseja que seja sensual, mas não bagaceiro.

Deseja que seja preocupado, mas não ciumento.

Deseja que seja compreensivo, mas não tolerante.

Deseja que seja apaixonado, mas não grudento.

Deseja que tenha amigos, mas não álibis.

Deseja que seja independente, mas não indiferente.

Deseja que seja afetuoso, mas não invasivo.

Deseja que seja dedicado, mas não bajulador.

Deseja que seja persistente, mas não chato. 

Deseja que seja irônico, mas não sarcástico.

Deseja que seja crítico, mas não lamurioso.

Deseja que seja surpreendente, mas não volúvel.

Deseja que seja misterioso, mas não volúvel.

Deseja que seja compreensivo,  mas não condescendente.

Deseja que seja conselheiro, mas não moralista.

Deseja que seja educado, mas não afetado.

Deseja que seja familiar, mas não acomodado.

Deseja que seja simples, mas não superficial.

Deseja que seja ousado, mas não inconsequente.

Deseja que seja culto, mas não arrogante.

Acabo por concluir que toda mulher anseia por um homem de dupla personalidade.

E a personalidade tem que vir na hora certa, e do lado certo, senão é caso psiquiátrico.

Minha namorada gosta que lhe defenda da injustiça, mas que não me defenda dela.

A raiva deve ser externa, brigando com o mundo, não me apartando do seu universo. 

Ele pretende enxergar em mim a masculinidade da fala e a fragilidade do ouvido.

E não posso ser o mesmo para os outros e para ela. Tenho que mostrar uma diferença, uma mudança, um lado b, uma reserva imaginária, uma caligrafia secreta.

Mulher procura no fundo a exclusividade. Uma parte somente sua. Um homem que somente ela conheça.

Posso esbravejar e desaforar fora, desde que seja capaz de chorar com ela. Que lute por nossas fraquezas, mas que seja compreensivo com seus erros. Que não desista de me destacar, mas que sempre possa inclui-la. Que tenha o pulso para protegê-la e ser decidido, mas que não atropele ou imponha minha vontade. Que seja intuitivo no sexo, gentil depois dele.

O homem só não pode ser o exagero de si.


Minha coluna na Revista IstoÉ Gente
São Paulo, março de 2013, p. 76, Edição Nº 698

sexta-feira, 14 de junho de 2013

DETERGENTE

O que não se deve dar no Dia dos Namorados?
Cuecas?
Meias?

DRnaTV descobriu que quem dá utensílios para a cozinha, quer acabar com a relação. Quem dá presente para colocar na sala, mostra que o relacionamento está quase morto. Na data,  a única peça da casa que pode ser usada para mimos é o quarto.

A exibição aconteceu na terça (11/6), na TVCOM, com produção de Fernando Muniz e mediação de Sara Bodowsky.


 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

OBRIGADO, AMOR, HOJE SEI QUE NÃO PRECISA AGRADECER

Arte de Eduardo Nasi

Estamos morando juntos, Juliana. Eu vivo agora a vida que gostaria que fosse eternidade.

Posso chamá-la de minha mulher. Pode me chamar de seu homem.

Você me procura na cama com os braços, eu lhe procuro com as pernas.

Você arruma as roupas quando fica braba. Eu bagunço quando fico triste.

Eu sinto ciúme de suas viagens passadas, você sente ciúme de minhas residências anteriores.

Você acorda rindo, eu durmo rindo.

Tem dias que você não encontra nenhum de seus elásticos para prender os cabelos, tem dias que não encontro nenhum de meus lápis para sublinhar os textos.

Você toma um copo de água ao despertar, eu tomo café.

Você usa o almoço para resolver pendências, eu uso o intervalo para fazer dívidas.

Você trabalha dez horas sem parar, eu vadio palavras.

Você lê um livro de cada vez, eu abandono vários ao mesmo tempo.

Você morde as cutículas quando crescem, eu coço a barba quando embranquece nas pontas.

Você me convida para ver um filme na sala e adormeço antes do final. Eu conto uma história na hora de deitar e você adormece antes do final.

Você se acalma com a massagem nas mãos, eu me acalmo com abraços.

Você se alegra com um elogio, eu me encabulo.

Eu me alegro com um presente, você se encabula.

Estamos encaixados um no outro, independentes dentro da maior falta. Nossas diferenças nos aproximam.

Minha saudade de você é maior do que minha saudade de mim.

Minha saudade de mim é somente quando estou com você.

Estamos dividindo a casa. A gente passa do horário e depois reclama que não é final de semana.

Somos tão felizes que não resta corredor entre as nossas frases.

Você me adivinha, eu lhe provoco.

Você está um passo a frente de mim, eu estou um passo atrás de você.

A sala é quarto, a cozinha é quarto, o escritório é quarto, o quarto é o quarto dos quartos.

Você abre bolachas antes da janta, e não perde a fome. Eu fecho os pacotes com prendedor.

Você prova uma loja inteira em vinte minutos, e me manda fotos para opinar. Eu escolho roupas com seus olhos emprestados.

Você me convence, eu insisto, ambos estão errados querendo acertar.

Você me descreve o passado, eu reescrevo o passado.

Você avisa que vai chorar, minha asma não avisa nada.

Nosso amor é se fazer entender sem perder os mistérios.

Nosso amor nasceu póstumo.

Nosso amor é antigo e novo ao mesmo tempo, é ancestral e recente ao mesmo tempo, é previsível e inédito ao mesmo tempo.

Você me explicou que não existe mais surpresa entre nós, mas decisões.

Surpresa é quando um decide sozinho. Amor é quando os dois decidem juntos. E não há maior surpresa do que decidir junto.

Estamos morando mais do que no mesmo endereço: estamos morando no mesmo sentido, Juliana.

Casa comigo sempre, casa comigo sem parar, casa comigo até depois de mim?





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segunda-feira, 10 de junho de 2013

A MÁQUINA RECEBE RAFINHA BASTOS

O humorista Rafinha Bastos acredita que seu caminho é criar as próprias oportunidades para ter contato com seu público.

Ele conta que sua exposição tem limites e que adora brincar com as expectativas das pessoas.

A entrevista foi ao ar na noite de terça (4/6), em meu programa A Máquina, na TV Gazeta.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

DUAS CAMAS DE SOLTEIRO FORMAM UM CAVALHEIRO

Arte de Eduardo Nasi

A privação cria um cavalheiro.

A renúncia prepara românticos.

O egoísta jamais será educado. O narcisista jamais será educado. O megalomaníaco jamais será educado.

A virtude masculina consiste em ser o segundo, em vir depois, em não priorizar os próprios luxos.

Quem procura se beneficiar antes não será um macho de verdade. Sempre vai abandonar ou fugir de um romance.

Amor é ter altivez dentro da humildade. É ceder sem medo de existir.

Homem que nunca lavou louça não saberá o que é se cortar no amor. O homem que nunca cozinhou não saberá o que é se queimar no amor. Homem que nunca passou roupa não saberá o que é rasgar uma promessa.

Só podemos oferecer o que somos. Só podemos imaginar o que um dia tentamos.

Nas pequenas tarefas, surgem os grandes maridos. Não subestime a epopeia da banalidade.

É difícil ser gentil. A gentileza é uma coragem, um refinamento da experiência. Árduo quem não depende do medo para ajudar, quem oferece o que tem antes que alguém precise.

O heroísmo amoroso começa na adolescência. Exatamente quando o jovem dormirá pela primeira vez com a namorada em seu quarto e decide juntar duas camas de solteiro.

Ali nasce a delicadeza no rosto barbudo.  Ali germina a sutileza na feição baldia.

A cena fundadora do lirismo viril reside no momento em que o homem abandona o posto de filho, de dependente, e assume a independência de cuidar do outro.

Não há nada mais comovente do que um garoto que adormece no meio da madeira para permitir que sua amada durma no canto acolchoado.

É um gesto carinhoso de fazer e não falar.  De zelar e não cobrar na manhã seguinte.

Diria que é neste instante que o adolescente se torna adulto.

Ele disfarça a dificuldade material com seu gesto, contorna sua pobreza com ternura.

Não está se destacando nem aparecendo. De modo inédito, mergulha na sombra, conhece o valor da retaguarda, sofre calado para não vê-la sofrer.

Com seu corpo, cobre o descompasso, o desnível, a divisão entre os dois colchões.

Não reclama da frieza da brecha, não lamenta as dores nas costas.

O que valoriza é estar junto, respirando perto, soprando os sonhos para o mesmo lado.

Um homem se mostra sensível quando não pensa somente nele, e passa a levantar de sua nudez uma ponte dos suspiros dela.




Crônica publicada no site Vida Breve
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segunda-feira, 3 de junho de 2013

A MÁQUINA RECEBE TULIPA RUIZ

A cantora Tulipa Ruiz conta que estava acostumada com amores de férias em sua cidade, São Lourenço (MG).

Com cabelos brejeiros, fala da saudade do seu cachorro de infância, Tambor.

A entrevista foi ao ar na noite de terça (28/5), em meu programa A Máquina, na TV Gazeta.