terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

BRANCURA

Arte de Tekkamaki

O primeiro fio de cabelo branco é seu, de mais ninguém. Não é para ficar apontando. Não é para chamar atenção. Não é para sinalizar:

- Olha, você está envelhecendo!

Seja onde for. É um ato solitário e intransferível pinçar aquela visita e refletir sobre o destino. Não deve ter testemunhas, muito menos escândalo dos outros.

O primeiro fio de cabelo branco é pessoal, não é para gerar piadas e chacotas. Respeite o portador. Respeite o momento dele. É um pânico, um medo incomensurável do futuro. Faça vista grossa. Não puxe assunto.

O primeiro fio de cabelo branco é meu: não quero nenhuma alma por perto, não é para tocá-lo, é como peça de museu protegida por vidros.

Posso oferecer toda a minha velhice, mas jamais o primeiro fio de cabelo branco.

Já tenho na barba, no peito. Agora só falta aparecer nos países baixos.

Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (4/2) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Andressa Xavier:


Um comentário:

Blog do Óbvio - Manoel disse...

Fabrício, perfeito! Questão de honra!
Um abraço,
Manoel