terça-feira, 12 de agosto de 2014

NÃO VOU MAIS ESCREVER

Arte de James Barry

Dizer não é dizer sim.

Quem diz “não vou mais” sempre vai fazer.

Não vou mais mentir.

Não vou mais sofrer.

Não vou mais jogar.

Não vou mais beber.

Não vou mais fumar.

Não vou mais trair.

Não vou mais errar.

Não vou mais amar.

"Não vou mais" é uma maneira de se convencer. Tem tudo para não acontecer.

O sujeito não está disposto a mudar, mas apenas se desculpar com o futuro. Pois o futuro é distante. O futuro não é agora.

Não é um ultimato, mas um adiamento.

Não é uma afirmação, mas uma negação.

Não vou mais não tem efeito legal. Expressa o contrário.

Não vou mais é uma saideira existencial.

Não vou mais é não consigo.

Não vou mais é não posso.

Não vou mais é se enganar.

Não vou mais é não enfrentar a dificuldade.

Não vou mais é apenas fugir do castigo.

Não vou mais, sonoramente, é "Não vou, mas".

Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (12/8) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina:

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