sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A ALEGRIA DA NOIVA É CATASTRÓFICA




Texto Fabrício Carpinejar
Foto Gilberto Perin

Se nascer uma espinha, se quebrar a unha, se trincar um dente, se gripar de repente, se não parar de tossir, se não dormir a noite inteira, se terminar enjoada, se começar a cair o cabelo, se inchar o dedo da aliança, se chorar e borrar a maquiagem, se rasgar o véu, se derrubarem algo em meu vestido, se o salto quebrar, se tropeçar no altar, se ninguém vier, se extrapolar a cota de convidados, se chover no casamento, se o noivo beber demais, se eu falar bobagem, se os fornecedores atrasarem a entrega, se a família brigar no dia, se a música não vingar, se me atrasar, se as palavras falharam, se esquecer os nomes dos amigos, se o nervosismo não me abandonar, se tiver um ataque de riso, se enlouquecer, se a palpitação atrapalhar os passos; e se for feliz pela vida inteira, imagina!, o que farei de mim?

A felicidade dói muito mais do que qualquer tristeza. A felicidade dói por todo o corpo.

O medo é felicidade chegando, o medo é felicidade ficando para sempre.

Publicado no Blog do Jornal O Globo
Coluna Semanal
18.11.2016

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