Arte de Egerton Coghill
Quando criança caminhava para a escola raspando a mão nos muros. Pela textura, pelo cal, pelas heras, eu sabia se estava chegando ou não.
Conhecia cada muro da vizinhança como um degrau da própria escada de casa. Eu caminhava mais pelo tato do que pelos olhos. Assim, do mesmo jeito, o olfato me guiava.
Conhecia pelo cheiro a cerração das manhãs ou a luz alvoraçada da primavera. Identificava a floração e o pólen das árvores de meu bairro. As árvores eram pessoas que eu cumprimentava.
Eu despertava para a aula não com nenhum alarme, e sim com o barulho da porta pesada de ferro do armazém se levantando.
Quando amo, não são os meus olhos que me avisam que estou amando, mas a minha pele.
Desconfie do que vê. Que mantenha a infância dos outros sentidos abertos para não cometer nenhum preconceito.
Ouça meu comentário na Itapema FM RS, na tarde dessa segunda-feira (09/11), às 13h, apresentação de Denise Cruz:
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