Eu fico envergonhado quando alguém bate palmas no momento em que o avião pousa, quero me esconder na poltrona. Desde quando avião é espetáculo?
Eu fico envergonhado quando o público aplaude o fim de um filme no cinema. O diretor e os atores não estão ali, para quem?
Nestes dias, caminhando na praça da Encol, a minha mulher pergunta: vamos abraçar uma árvore? Fiquei novamente envergonhado. Como sempre envergonhado.
- Tá maluca? Todo mundo vai me ver abraçando uma árvore, o que as pessoas pensarão de mim?
Como estou errado! Como sou bobo em não ser bobo!
Deveria me envergonhar da corrupção, da violência, da insegurança neste país. Não daquilo que é espontâneo, puro e alegre.
Que os aviões e sessões de cinema sejam ovacionados. Que as árvores sejam abraçadas.
Acabamos nos controlando demais com medo dos outros. Viver com medo é nunca ter nascido.
Abençoado seja o vexame. Abençoada seja a loucura do bem.
A vida precisa de mais entrega, de mais emoção, de mais autenticidade.
Este foi o meu comentário na manhã de sexta-feira (6/11) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina.
2 comentários:
Perfeito!
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