Arte de Anastasiya Markovich
Minha filha de 21 anos veio com aquele papo estranho quando eu dava carona:
- Você não vai morrer cedo, né pai?
- Não, Mari, não vou morrer.
Depois de dez minutos, ela voltava com o assunto:
- Não vai morrer mesmo? Sabe que te amo muito.
- Eu também te amo muito. Ainda passaremos grandes momentos lado a lado.
Ela não se acalmava com as minhas respostas.
- Vou ficar furiosa se morrer, entendeu?
- De onde tirou esta preocupação, minha filha?
- É que você anda muito distraído. Como os passarinhos que quebram o pescoço e morrem.
Meu pescoço não quebrou, mas meu coração me arrancou do chão. Vi que minha filha não ama somente seu pai como uma fortaleza e um referencial de segurança. Amadureceu. Eu não sou mais eterno, o nosso sentimento que é eterno. Agora ela ama também a minha fragilidade, ama combatendo minha finitude, ama me protegendo e me salvando dia a dia com seu amor.
Ouça meu comentário na manhã de sexta-feira (20/2) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Jocimar Farina e Kelly Matos:
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