Foto de Gilberto Perin
O homem não é capaz de fingir o orgasmo, mas de despistar.
Uma de suas manhas de simulação é quando diz que vai gozar. Não acredite que ele está gozando. Pois ouvirá dele várias e várias vezes que está gozando durante o sexo e ninguém pode gozar tanto.
Quando ele grita que vai gozar é apenas um regra cavalheiresca, pede a autorização do par para finalizar o prazer. É o equivalente a obter uma licença verbal já que não tem como ser por escrito naquela hora: "Posso terminar ou ficará chateada?".
Certamente evidencia uma suplência maternal masculina. Como se ele não tivesse condições de controlar o próprio gozo. Homem é um bicho dependente que nem na transa decide sozinho.
O aviso não é um ultimato, um fuzilamento, não significa que será naquele instante. Indica que o desfecho está perto, próximo, eminente. Abriu o chamado, não realizou a visita.
O alarmismo pontua o desempenho e também previne a decepção. Vigora como uma desculpa diante do pior, algo do tipo "nem vem reclamar da rapidez, pois avisei antes".
"Vou gozar!" é o gemido falso dos varões. Igualmente pode ser um tatear às cegas do universo feminino, numa tentativa de desesperada de descobrir por onde anda o orgasmo dela, se ainda está na fase de contar carneirinho ou de tirar a sua lã.
"Vou gozar!" costuma ser uma súplica para que ela venha junto, um chamado para a sincronia, porém, em alguns casos, a exclamação não é solidária com a mulher, não partilha de nenhuma conexão generosa com o ritmo alheio, revela uma ameaça de que o sujeito não aguenta mesmo segurar e que agora não se responsabilizará mais pelos seus atos.
Quando gozar de verdade, o homem não falará nada, no máximo soltará um grunhido.
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