terça-feira, 27 de outubro de 2015

DESFILE

Arte de Eugenio Granell 

Homem não compreende quando sua mulher vem apresentar a sua lingerie nova.

Ele já quer tirar. Nem finge interesse. Ela gastou duzentos reais para nada.

Poderia existir sutiãs e calcinhas descartáveis, que daria igual trabalho.

O marido não memoriza quais são as peças recentes de sua esposa. Ela mostrará um conjunto que usa sempre e ele achará que foi comprado ontem.

Homem crê que a roupa de baixo não é para ser vista. Não entende o preço de um sutiã e de uma calcinha, ou a imensa paciência para escolher a ideal.

Olha como é complicado: a alça do sutiã deve ser centralizada nos ombros; quem possui seios menores, enchimento e push-up são uma ótima alternativa, quem possui seios maiores, o correto é optar por laterais e costas reforçadas; não convém alça de silicone ficar exposta, cuidado com a cor da pele não destoar demais do conjunto; quadril mais estreito tem o direito de abusar de calcinhas com alças finas, estampadas, com babados e laços nas laterais; já quem conta com um quadril avantajado é aconselhável calcinhas com cós mais alto e lateral mais larga, de preferência lisas ou com estampas pequenas.

Convenhamos, não é igual a selecionar uma cueca. É uma trabalheira sem fim.

O homem deveria ser mais solidário, aplaudir a caminhada que será feita na passarela do quarto e não querer ir direto ao finalmente.

O homem confunde desfile de lingerie com strip-tease. Não é a mesma coisa.

Ouça meu comentário na manhã dessa terça-feira (27/10) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, com Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina:


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