Há uma preocupação com fake news, as matérias falsas que inundam a internet.
Mas quem mais sofre com a boataria é o amor. Muito mais do que o jornalismo.
O que existe de amor falso na web. Amor que começa fingindo, amor que exagera, amor que trapaceia, amor que omite e assassina a realidade.
Difícil encontrar alguém falando a verdade na sedução.
Gente que estabelece o contato dizendo o que não é, mandando notícias bastardas de sua vida e de sua história, mentindo o emprego, o estado civil, a herança de relacionamentos.
O anonimato e a impunidade se abraçam nas redes sociais.
Os hackers emocionais aproveitam os incautos para enganar e se aproximar com segundas intenções. Tudo pelo bitcoin do sexo. Tudo para alcançar uma transa fácil e depois desaparecer. Só é demonstrar resistência e ditar um ritmo vagaroso que o outro lado perde o interesse. Não entre na ladainha do tudo ou nada, não se sensibilize com o desafio, não ceda aos encantos da coragem no escuro (coragem é enxergar, não fechar os olhos).
Duvide do flerte ao primeiro inbox, do miojo dos emoticons, da conversa passional no WhatsApp, de quem demonstra intimidade sem ao menos conquistá-la e merecê-la.
Antes de se encontrar com um pretendente, cruze os dados, faça um Google, confirme as fontes, pesquise o nome nos aplicativos. Não dê espaço para a ingenuidade. Melhor desconfiar antes do que descobrir maldades retroativas.
Paixão é face a face, honestidade na cara e na palavra, o resto é atentado digital.
Publicado em O Globo em 24/01/2018
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