sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O PREÇO DE MINHA VIDA

Serei simplista, raso e pobre porque a realidade vem sendo simplista, rasa e pobre.

Eu valho menos que o celular. Meus filhos valem menos que os seus tênis. Minha esposa vale menos que a sua bolsa. Podemos morrer no país a qualquer momento por aquilo que carregamos. Podemos ver amores sumirem de um dia para outro, abraços virarem pó, beijos naufragarem na intenção. Entregar um objeto não é garantia de sobrevivência. Não reagir não traz tranquilidade.

Pois um celular, um tênis, uma bolsa significam mais que uma vida. Nossa existência virou troco. Todos os objetos que carregamos têm um preço maior do que aquilo que somos. Não há mais medo de matar. Não há mais consciência pesada, culpa, receio, vergonha, pudor. São estados emocionais inexistentes nos ladrões.

Os ladrões são assassinos. Antes os ladrões eram ladrões, agrediam em último caso. Hoje rouba-se para matar - nenhum estado emocional imobiliza no ar a faca e o revólver.

Famílias são destruídas por bobagem. Pais assassinados, filhos assassinados, amigos assassinados brutalmente em nome de uma ninharia. Enquanto não existir um código penal severo, que não devolva à rua homicidas em menos de cinco anos, enquanto não forem construídos presídios, enquanto a impunidade reinar, não seremos nada. Coisa alguma.


Publicado em  06/02/2018

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