Ainda existe o preconceito amoroso com as mulheres que têm filhos.
Quando elas saem para dançar e namorar, afinal estão solteiras, não encontram nenhuma dificuldade para encontrar parceiros. São cortejadas, cantadas, requisitadas. Experimentam uma noite feliz, talvez uma segunda noite feliz, há química de corpo e afinidade de pensamento, tudo sugere uma continuidade e relacionamento sério. Mas, estranhamente, é contar que são mães que os homens somem. Os homens desaparecem. Eles não evaporariam se elas confessassem que estavam casadas. A infidelidade não assusta, o que amedronta é a guarda da criança.
Filho é cruz para os vampiros. É assombração da aliança. Temem o compromisso, o enlace com uma família inteira, não somente com uma pessoa. Jamais confessam o problema, pois não querem parecer insensíveis. Só que deixam clara a restrição. Não contam com nenhum motivo para o desapego, já que se deram bem.
Perdura o engano grave de que a mulher não procura um homem para si, porém um pai para seu filho. De onde tiraram essa distorção? Não pararam para pensar que o filho já tem um pai e que um papel nada tem a ver com o outro?
As mulheres maternas são livres, desinibidas, autônomas, não dependem de proteção e mesada. Não se apresentam com segundas intenções.
Jamais vão dar cano ou oferecer desculpas furadas. Detêm a virtude da simultaneidade. Disciplinadas e organizadas, aproveitam o tempo livre com intensidade. Pois conciliam as agendas de si e da cria e valorizam as folgas.
Assim como é um falso estigma de que o filho incomodará o prazer e a aventura. Não ficará segurando vela. Nem pressionará com ciúme e colo. É uma lenda que criança atrapalha. O que mais ela deseja é a felicidade de sua mãe. Desde que a felicidade seja honesta, real e sem a presença avarenta de covardes.
Publicado em Vida Breve em 25/10/2017
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