Mostrar a família é um passo importante no relacionamento para a mulher - o equivalente a oficializar o laço. Não é qualquer um que ela apresenta aos filhos. Não é qualquer um que ela apresenta aos pais e irmãos. Denota o momento de maior nervosismo pessoal, quando ela unifica a felicidade privada com a aceitação pública.
Casos, rolos, peguetes e crushs mudam de natureza vocabular ao conhecer a intimidade da mulher. Ela é reservada e comedida na hora de trazer alguém para dentro das fofocas, histórias vergonhosas e apelidos de casa. Só faz se tem certeza do amor ou do encaminhamento do amor. Só faz se está muito apaixonada e convicta. Não quer parecer leviana e inconstante, criar expectativas infundadas e ter que explicar depois onde se encontra o futuro ex namorado.
O que a mulher não entende é que o comportamento masculino não reflete iguais gravidade e responsabilidade. Abrir o convívio
familiar não resultará em relacionamento sério. Não é a mesma moeda, o mesmo valor, o mesmo peso. Não simboliza pré-requisito para alterar o status do Facebook.
O engano é supor que ele se importa com o que os parentes pensam dele. Ele dá de ombros para as suposições e maldades. Separa, desde sempre, a vida amorosa da familiar.
Desse jeito, você pode passear com os filhos ou com os pais dele, ser acolhida e festejada, e ele nunca mais telefonar. Não representa um compromisso, o marco do início do namoro, o anúncio oficial do fim da solteirice. Não ganhará o sujeito alcançando as esferas caseiras. Não significa nada, absolutamente nada. Por acaso, a família estava por perto e se encontraram e ele apresentou com quem vinha saindo, assim como pode apresentar outra pessoa na semana seguinte. E não haverá crise de consciência e não será malvisto como promíscuo (afinal a sociedade machista perdoa o sexo variado do homem - enxerga como experiência - e condena os inúmeros parceiros da mulher - entendido como inconsequência e imaturidade).
Homem não tem hierarquia de encontros. Não é porque ele lhe convidou para formar o seu par no casamento do melhor amigo ou porque lhe chamou para uma formatura de colega ou porque lhe levou para uma confraternização de trabalho que vem avisando de que optou pela exclusividade e estabilidade na relação.
Não, você não passou de fase, nem alcançou bônus, eventos são meros eventos, ele somente não deseja aparecer sozinho nas festas e compromissos (porém, estranhamente, ainda pretende se manter sozinho, livre e desimpedido).
Carregará a sensação amarga de que foi usada, de que serviu como companhia de luxo, de que foi parte da decoração de uma vitrine. E não deixa de ser verdade.
Publicado em UOL em 10/11/2017
Um comentário:
Essa doeu.
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