Arte: Eduardo Nasi
Dia dos Namorados não é um indulto, para fazer tudo o que não fez ao longo do ano e depois continuar na prisão dos hábitos. Não é renovação do alvará para depois seguir com a mesma distração e desinteresse.
Dia dos Namorados não é um troféu para se colocar na prateleira da memória, é um suspiro a dois.
Dia dos Namorados não é propaganda enganosa, para impressionar numa data e esquecer de se esforçar continuamente.
Dia dos Namorados não é para encher de presentes, é para estar presente inteiramente, conversando à toa para reencontrar o riso mais sincero, com o bluetooth do corpo ligado.
Dia dos Namorados não é para se exibir nas redes sociais e passar mais tempo com o celular na mão do que de mãos dadas.
Dia dos Namorados não é para fingir aventura em motéis, é para insinuar a ventura de outros cômodos da casa.
Dia dos Namorados não é uma obrigação de jantar fora, pode ser uma jantinha simples na própria cozinha, com as canções favoritas e comendo direto das panelas.
Dia dos Namorados não é uma competição com outros casais, é para criar segredo com a sua companhia.
Dia dos Namorados não é um escândalo, uma concorrência para dar mais, é demonstrar um cuidado com as golas desajeitadas e as bainhas presas nas meias e ser um espelho da atenção apaixonada.
Dia dos Namorados não é megalomania, não é vaidade, não é leilão de agrados, é criar acontecimentos discretos na alma, difíceis de serem descritos.
Dia dos Namorados não é se endividar, é aceitar que as melhores surpresas vem da simplicidade. Não é para fingir o que não se tem, é aceitar o que se é.
Dia dos Namorados não é status, é compreensão, talvez escolher um filme antigo com pipoca para assistir com olhos novos.
Dia dos Namorados não é uma caça às bruxas, é o casamento da vassoura com a pazinha e perdoar dissabores.
Dia dos Namorados não é ursinho de pelúcia, é alisar a barba e os cabelos.
Dia dos Namorados não é um colar, mas um abraço de cheirar o pescoço. Não é um brinco, mas palavras sussurradas nos ouvidos.
Dia dos Namorados não é forçar a felicidade com salto alto, mas convidar a felicidade a tirar os seus sapatos.
Dia dos Namorados é quando o amor não precisa provar nada, é um dia para provar a boca de quem se ama como se fosse o primeiro beijo. O primeiro beijo de muitos primeiros beijos.
Publicado em Vida Breve em 07/06/17
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