Foto: Divulgação Donna
Só há um único presente que o homem não tem como dar a uma mulher: o sutiã.
Pode até comprar calcinha, já num ato de extrema ousadia. Mas o sutiã é impossível. Não confunda teimosia com coragem e insistência com burrice.
O sutiã é feminino até na compra. Não arrisque que se dará mal. Pense que o sutiã não é uma peça qualquer, desde sempre é a bandeira do feminismo. O estandarte da diferença.
Nem é o problema de acertar o tamanho, e sim definir o conforto e a peculiaridade para cada peito. O sutiã é o mais pessoal dos acessórios. Não pode apertar, não pode tampouco folgar, não pode aparecer, não pode desaparecer por completo. É um sem fim de variáveis.
Olha como é complicado: a alça do sutiã deve ser centralizada nos ombros; quem possui seios menores, enchimento e push-up são uma ótima alternativa; quem detém seios maiores, o correto é optar por laterais e costas reforçadas; não convém expor alça de silicone; cuidado para a cor da pele não destoar demais do conjunto.
Acostumado a uma lista de mercado, nenhum homem chegaria a tal grau de sofisticação. Como tentar passar em Cálculo na Engenharia com a matemática do Ensino Fundamental. Sutiã é conversar de repente, de igual para igual, com Einstein. São fórmulas e fórmulas desenvolvidas para um resultado único e improvável.
Sua esposa ou sua namorada ficará ofendida com o mimo. Acreditará que invadiu a intimidade, que desrespeitou os limites, que não obedeceu aos mistérios da humanidade. Mesmo que use o pretexto de apimentar a relação com produto de uma sex shop, mesmo que venha com rendas pretas e texturas vermelhas diferenciadas, mesmo que apresente sabor de morango e champanhe brut. A sofisticação não é um atenuante, muito menos o valor exorbitante de uma marca. Gastar muito não significa garantia de reconhecimento.
Com o sutiã, errar não é humano. Nenhum clichê salva. Nenhuma nudez será perdoada.
Publicado em Donna em 15/05/17
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