quinta-feira, 21 de março de 2019

A PIOR OFENSA DA MULHER PARA O HOMEM, E DO HOMEM PARA A MULHER

Homem odeia quando a mulher lhe chama de pobre, pão-duro, avarento. Ele ainda vê a sua virilidade como sinônimo de poder, de status social. É como se ele ficasse ofendido por algo que está fora dele, que não depende dele. Talvez, porque, por pura bobagem, acredita na mentira de que a mulher gosta mesmo de dinheiro (o perfil feminino anseia, na verdade, uma única coisa: se sentir admirado e desejado, não importando se o filme é de baixo orçamento, não tem nenhuma ligação com a opulência).

Não há como entender o quanto o macho se sente depreciado pela posse, o quanto se julga pelo fundo de sua conta. Tanto que a impotência costuma flertar com quem está desempregado.

Homem ainda dentro de si não se livrou da imagem retrógrada de provedor. Acha que vale nada se não está sobrando financeiramente. Precisa ostentar para ser, gastar para aparecer. Ainda age como uma criança birrenta numa discussão de relacionamento.

Dinheiro é compensação para a ala masculina, ou para a sua falta de beleza ou para a sua ausência de sensibilidade, o que cria distorções no envolvimento: enxerga interesse onde há bons sentimentos. Trata-se de uma desvalia paranoica, sempre pensa que alguém vai namorá-lo com segundas intenções. Jura que o amor pode ser comprado - não largou a idade medieval dos dotes.

Pior que as insinuações de pobretão, que terminam sendo indiretas sobre a sua sexualidade, para derrubá-lo numa briga, só mesmo os golpes que atingem em cheio os países baixos, como broxa ou pequeno.

Já, por outro lado, a mulher se preocupa mais com o seu caráter, o que demonstra o quanto é evoluída. Coloca-se na posição de insultada quando o homem lhe chama de falsa ou mentirosa. Mexe com os brios toda farpa que envolva respeito e reputação. Ela privilegia os valores espirituais da personalidade. Preocupa-se com a coerência de vida, com a sua honestidade, com o ato de praticar aquilo que fala. Tanto que qualquer insinuação sobre sexo não lhe faz cócegas, atacá-la afirmando que é mal-comida apenas lhe fará escolher melhor as companhias dali por diante. Nem mais críticas sobre a aparência, que lhe incomodavam antigamente, como gorda ou feia, causam danos.

Ofender uma mulher não dá para ser da boca pra fora, tem que oferecer provas para ela começar a ouvir.

Publicado em O Globo em 13/6/2018

Um comentário:

o mar e a brisa do prazer de aprender disse...

Esperamos que a nova leva de raça masculina possa ir mudando gradativamente. Que as mulheres possam gesticular com afeto e carinho o que realmente querem. O amor está para ser amado. Vamos ostentar :generosidade, valores e o melhor do nosso caráter.
Mil beijinhos