segunda-feira, 25 de março de 2019

ADEUS ILUSÃO

Não é um jogo perdido, são quatro anos.

Quatro anos para montar um time, esperar, desacreditar, acreditar de novo.

Quatro anos mordendo a bandeira, escondendo-se das piadas, redundando a fé, secando as lágrimas, rindo torto.

Quatro anos da vida de cada brasileiro, quatro anos de gaveta para a camiseta amarela. Nenhuma outra estrela será bordada sob o escudo.

Quatro anos de campeonatos nacionais, competições internacionais, para definir quem pode surgir e fazer diferença.

Quatro anos rezando para que Neymar não envelheça, que Gabriel Jesus amadureça, que Philippe Coutinho, mantenha a sua timidez selvagem, que Willian exploda de verdade, que Douglas Costa e Firmino segurem o seu fôlego.

Quatro anos sem mais nenhuma chance de Paulinho beijar a taça, de Thiago Silva levantar a Copa do Mundo, uma geração se despede na derrota contra a Bélgica.

Quatro anos para um país onde o futebol é tudo, que não deveria ser assim, mas ultimamente não tem mais nada para se orgulhar. Agora é voltar para as balas perdidas, voltar para as greves, voltar para a recessão, voltar para a impunidade, voltar para a crise, voltar para a incógnita das eleições. As ilusões são mais breves do que os sonhos.

Não são quatro anos, minto, já são dezesseis anos. A idade de meu filho.

Crônica lida no programa Encontro com Fátima Bernardes da Rede Globo em 06/7/2018

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