Não poderia ter frango em Copa. Deveria ser proibido pelo regulamento. Frango é várzea, Liga Amadora, pelada, campo de terra batida com calombo e morrinho artilheiro.
O que aconteceu com o bom goleiro uruguaio, que determinou a desclassificação da Celeste para a França, foi de uma melancolia romântica, digna da pena de Victor Hugo (e seu fatídico prazer de estar triste).
O chute de Griezmann, de fora da área, no meio do gol, era um suspiro. Uma tentativa fracassada. Um tiro morno e bisonho. Fato insignificante para a emissora trocar de câmera e ir para o lance seguinte.
Tudo bem que Muslera espalmasse, jogasse vôlei, deixasse rebote. Mas a bola se transformou num pião em suas luvas, num redemoinho e seguiu, devagar, para as redes. Até a bola ficou constrangida na hora de entrar.
O arqueiro entrou em parafuso entre rebater e segurar, o braço direito não concordou com o esquerdo e houve um malabarismo atrapalhado de semáforo.
Antoine Griezmann deu exemplo. Não comemorou o gol, seu olhar só pedia desculpa. Baixou a cabeça e seguiu em frente, apesar do estardalhaço de seus compatriotas, como se nada não tivesse acontecido. Quis abafar o escândalo.
Frango merecia ser anulado. É tão vergonhoso para todos os jogadores que desqualifica a vitória.
Crônica publicada em 06/7/2018
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