O Uber pode ensinar muito sobre o amor. Imagine o motorista como o seu hipotético candidato a romance.
Se o motorista está terminando uma corrida nas proximidades, cancele de imediato. Está ainda encrencado com outras viagens e relacionamentos. Tem o aval de dar uma volta a lua e você se vê preso a uma pendência.
É iniciar um compromisso com alguém casado ou recém saindo de uma convivência. Suspenda a chamada. Demora muito tempo até que ele resolva a sua situação - se resolver! Já é difícil um envolvimento com alguém livre, ter que lidar com quem não encerrou experiências é missão dolorosa emocionalmente. Enfrentará gafes, humilhações e o desconforto gratuito da competição com quem nem conhece e não tem culpa de nada.
Não estabelecerá o início do contato a partir da verdade, como deve ser, mas recebendo desculpas e adiamentos que desgastarão a confiança do desejo.
Você não é prioridade. Ele acumula opções para nunca escolher uma só - com a justificativa que não pode ficar parado. Deleita-se com a possibilidade de ir experimentando e não decidir.
Seguirá ao seu encontro depois de cumprir itinerários abertos.
Promessa não segura ninguém, o que vinga é atitude.
Pertencerá a uma lista de espera. Sonhava com exclusividade e se acostumará a um segundo escalão. Aquele que começa como coadjuvante jamais assume o papel principal.
Regra do primeiro encontro: relação com início complicado acaba em loucura.
Entenda a metáfora. Motorista que finaliza uma corrida nas proximidades mente o horário. De cinco minutos saltará a oito minutos e você que já esperou três minutos pensa que pode esperar mais cinco minutos, para não perder mais tempo de chamar um novo. Só que ele aumenta para nove minutos e, como sacrificou a cota de tolerância, está refém de alguém que não virá. No fim, ele é que vai cancelar a corrida e cobrar a taxa de embarque.
Substitua os minutos por meses e descobrirá que não é amor mas enrolação, amor é sempre agora ou nunca.
Crônica publicada em 14/5/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário